Shania Twain foi um verdadeiro fenômeno musical em meados dos anos 1990. Com canções grudentas e clipes acima da média, do tempo em que as gravadoras investiam muito nesse material audiovisual, a cantora transformou-se em uma das maiores da história ao acumular recordes e recordes de vendas. Quem viveu àqueles dias sabe da importância dela na música.
No documentário "Shania Twain - Not Just a Girl", dirigido por Joss Crowley, é possível conhecer um pouco mais da história da cantora e em como o sucesso não veio ao acaso, mas com talento e muito trabalho duro. Em um meio difícil e dominado por homens como é o country, ela se sobressaiu e abriu mão do conforto do sucesso fácil para entrar no pop e dominar o mundo.
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A primeira metade do longa é importante para conhecermos a história da garota Eilleen Regina Edwards que, ainda na infância, recebeu o incentivo da mãe para cantar em bares sem o pai saber. Ela tinha potencial para ser uma das maiores estrelas do country, mas a morte dos pais em um acidente de carro adiou os planos por algum tempo. Ela precisava cuidar dos irmãos mais novos.
Quando ela entrou na indústria musical, ainda jovem e inexperiente, sofreu um pouco. Esse ponto do documentário é importante para entender a personalidade de Shania Twain e da visão artística sobre si mesma. Ela sabia muito bem o que queria quando conheceu o produtor Mutt Lange, responsável por sucessos de AC/DC, Def Leppard, Foreigner, The Cars, Bryan Adams e outros artistas, e o empresário Jon Landau, parceiro e amigo de Bruce Springsteen há quase 50 anos.
Poucas pessoas tinham ideia de como Lange era fanático por country, e a parceria entre os dois rendeu os maiores sucessos da carreira da cantora até hoje, tudo contado com depoimentos e imagens de arquivo da loucura que a vida dela virou. E é a partir daqui que o documentário perde fôlego, fica corrido e desperdiça a chance de encerrar a história com um ótimo recorte: de como ela saiu do trauma da morte dos pais para o sucesso mundial.
Os últimos minutos mostram o divórcio com Lange, com quem se casou em meados dos anos 1990, e como a Doença de Lyme mudou para sempre a voz e o jeito de gravar os álbuns. Se era para correr com esses dois assuntos, era melhor ter encerrado um pouco antes. Esticar para contar apenas por cima não esclarece e só prova como esses tópicos são assuntos indigestos para ela. E a falta de contraponto em todos os assuntos é um problema enorme.
"Shania Twain - Not Just a Girl" tinha potencial para ser um trabalho muito bom, mas decepciona na parte final pela edição corrida e pela cara de assessoria de imprensa ao não abordar os assuntos mais polêmicos de maneira adequada. Pela carreira, Shania Twain merecia mais.
Avaliação: regular
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