Resenha: This Much I Know to Be True, de Andrew Dominik

Documentário estreia na na MUBI nesta sexta-feira (8)

Nick Cave é um dos personagens mais fascinantes surgidos na música nos últimos 40 anos. Integrante do Birthday Party e parceiro de composição de Rowland S. Howard, fundador do Grinderman, líder do Bad Seeds, escritor e grande personalidade, o cantor atingiu um status enorme na música a ponto de ser reconhecido como um dos grandes dos últimos anos.

Os últimos anos foram muito produtivo para Cave, musicalmente falando, com o reconhecimento de público e crítica, tendo lançado dois documentários: "Nick Cave: 20.000 Dias na Terra", de 2014, e "One More Time with Feeling", de 2016, finalizado no ano em que ele perdeu um dos filhos - o outro morreu há pouco menos de dois meses. Ainda tentando entender o que aconteceu, a parte final desse longa é melancólica e cheia de reflexão por parte dele.

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Em busca de algo para se apegar, ele começou a produzir ainda mais, e isso resultou nas filmagens de "This Much I Know to Be True", novo filme do diretor Andrew Dominik com Cave feito durante a pandemia. O início mostra o cantor mostrando o trabalho com arte e uma pequena história construída por imagens do demônio, personagem que o intriga e fascina na mesma medida.

Diferentemente de "One More Time with Feeling", Cave fala pouco - sobre a newsletter 'The Red Hand Files' principalmente e como responder ao público o ajuda espiritualmente - e canta muito mais. Ao usar a arte como uma forma de expressão dos sentimentos, das dúvidas e incertezas da vida, ele está em busca de respostas para entender os motivos da perda e o porquê de isso ter acontecido com ele e a mulher. Como sempre, ele conta com ajuda de Warren Ellis nos arranjos e na condução do resto da banda, ajudando a transformar de vez o trabalho em um filme-concerto de alto nível com dois momentos catárticos com canções de "Ghosteen" e "Carnage", o primeiro trabalho dele em parceria com Ellis.

Ainda que não encontre as tais respostas para perguntas surgidas na própria cabeça, ele seguirá procurando para tentar preencher o vazio da perda dos filhos. Mas ele também está mais em paz consigo mesmo por perceber que o trabalho não é tudo na vida. É por isso que esse documentário é muito poderoso, uma continuação de uma vida cheia de altos e baixos para Cave. E, talvez, um novo começo.

Avaliação: muito bom

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