Resenha: Arctic Monkeys - The Car

O Arctic Monkeys vem em um longo trabalho de mudança de sonoridade desde "Humbug", terceiro álbum da discografia, lançado em 2009. Mas em "Tranquility Base Hotel & Casino", de 2018, a banda mergulhou de vez em algo que nada lembra o início da carreira, desagradando uma parte considerável dos fãs de longa data.

E o que eles fizeram em "The Car", disco mais recente? Entraram mais fundo ainda, mostrando que aquela banda tímida de Sheffield, Inglaterra, não existe mais. Agora, eles viraram um grupo que abre um álbum com a balada "There'd Better Be a Mirrorball", quando o vocalista Alex Turner segue firme no projeto de crooner de bar de longo balcão que agrada todo tipo de cliente: dos bêbados diários aos bêbados ocasionais.

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A guitarra aparece pouco em "I Ain't Quite Where I Think I Am", dominada pelo piano e por um bonito arranjo de cordas e a sombria "Sculptures of Anything Goes" surge para baixar o tom e colocar as coisas em outra perspectiva. E se "Jet Skis on the Moat" traz Turner como uma espécie de narrador, "Body Paint" apresenta uma banda em uma ótima balada feita no piano.

A faixa-título é uma autobiografia da infância de Turner, quando o pai o levava em longos passeios de carro para os dois ouvirem música juntos. De novo, o arranjo de cordas é dos mais bonitos e consegue apresentar toda delicadeza e melancolia da faixa, com o riff de guitarra elevando tudo ao auge. Outra boa faixa do trabalho é "Big Ideas", que repete o estilo da anterior para um desabafo sobre a indústria da música.

"Hello You" abre o caminho para a parte final do trabalho, completado pela melancólica balada no violão "Mr Schwartz" e a ótima "Perfect Sense", uma das melhores músicas da safra mais recente da banda.

"The Car" parece ser aquele caminho sem volta de uma banda que encantou o mundo com as guitarras velozes, baladas certeiras e uma força juvenil invencível. Quase duas décadas após o lançamento do primeiro álbum, esse Arctic Monkeys lança um disco bonito, mas sem muito apelo. Resta saber se eles mudam de novo ou se esse caminho está traçado e sem retorno.

Tracklist:

1 - "There'd Better Be a Mirrorball"
2 - "I Ain't Quite Where I Think I Am"
3 - "Sculptures of Anything Goes"
4 - "Jet Skis on the Moat"
5 - "Body Paint"
6 - "The Car"
7 - "Big Ideas"
8 - "Hello You"
9 - "Mr Schwartz"
10 - "Perfect Sense"

Avaliação: bom