Resenha: Desastre Total - Woodstock 99, de Jamie Crawford

Muitos adolescentes que viveram os anos 1990 acabaram virando produtores, diretores ou realizadores de documentários sobre aquela época, de quando tinha 15, 16, 17 anos e uma vida toda pela frente. Um dos materiais explorados recentemente é o festival Woodstock realizado em Rome, Nova York, em 1999.

Depois da HBO Max lançar um documentário dentro do Music Box, um 30 for 30 musical, chegou a vez da Netflix abrir espaço para a história na minissérie de três episódios chamada "Desastre Total: Woodstock 99", dirigida por Jamie Crawford.

Em pouco menos de 2h30, Crawford faz o trabalho mais básico possível ao contar a história de maneira linear com depoimentos de quem esteve lá em várias frentes (imprensa, políticos, produção, organização, artistas e público). Cada episódio aborda um dia do evento e conta os principais acontecimentos daquele dia.

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Diferentemente do material do concorrente, a Netflix não se aprofunda e só mostra algo além no "duelo" geracional: de um lado, os organizadores ignorando todos os problemas de falta de água, falta de banheiros químicos, excesso de calor, preços abusivos e outros problemas; de outro, os mais jovens vendo seus semelhantes passando dificuldade e prevendo que algo daria errado antes mesmo do final do primeiro dia.

Bem, e deu mesmo.

A revolta gerou um efeito manada e o lugar literalmente ficou em chamas ao final do terceiro dia. Como disse alguém em uma das imagens de arquivo: "Parece Sarajevo", uma referência à Guerra da Bósnia (1992-1995). A barbárie passou por quebra-quebra generalizado, roubos, violência e abuso sexual com as mulheres e garotas, lá apenas para se divertir.

Uma das coisas lamentáveis é assistir os organizadores, até hoje, tirando o corpo fora da responsabilidade pelo que aconteceu. Ver John Scher, um dos financiadores do evento, relativizar a violência sexual acontecida ao longo dos três dias de evento é de dar nojo, uma atitude lamentável quase 25 anos depois.

Básico, "Desastre Total: Woodstock 99" mostra como não havia paz e amor na terceira edição do festival em que o lucro falou mais alto. A minissérie fica na história por, provavelmente, ter sido a última entrevista de Michael Lang, idealizador do evento, no início desse ano. E só. De resto, não tem nada que quem conheça a história já não saiba.

Avaliação: bom

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