Alaíde Costa completou 86 anos recentemente e, como muitos artistas, foi redescoberta por uma nova geração graças a gente como o rapper Emicida e o músico Pupilo. Com quase 70 anos de carreira, muito desse período sem gravar nada por puro preconceito das gravadoras, ela acaba de lançar "O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim", cheio de canções escritas por gente do mais alto calibre da música brasileira.
Alaíde é uma cantora elegante, dessas que pronuncia palavra por palavra da letra. Com arranjos caprichados, ela abre o disco com a linda "Turmalina Negra". A melancolia do samba-canção chega em "Nenhuma Ilusão", essa feita para machucar qualquer coração cansado de sofrer por amor.
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Na única composição da cantora no trabalho, "Tristonho" tem um arranjo meio jazz que traz a suavidade necessária para destacar a potência vocal da cantora, ainda mais bonita em "Berceuse", composição de Guilherme Arantes — entre todas, é a mais fácil de identificar o compositor só de ouvir a maneira como a canção foi feita.
Na sequência, ela apresenta duas canções fortes "Pessoa-Ilha", com uma percussão bem presente, e "Praga", outra canção melancólica de violão presente o tempo inteiro. A única regravação do álbum é a dramática "Aos Meus Pés" ("Eu quero você/ Desejo você/ Imploro você/ Sou terra, água e fogo/ Mas quando te vejo sou mulher"). O disco encerra com "Aurorear", composição de Joyce, que apresenta o título do trabalho para amarrar o curto e potente repertório da cantora.
Alaíde Costa merecia muito mais na carreira. Com uma longa lista de serviços prestados para a música brasileira, ela só conseguiu o devido reconhecimento após os 80 anos. Ao mesmo tempo ser uma pena, é bom aproveitarmos ao máximo enquanto ela ainda estiver por aqui.
Tracklist:
1 - "Turmalina Negra" (Céu / Diogo Poças)
2 - "Nenhuma Ilusão" (Fátima Guedes)
3 - "Tristonho" (Alaíde Costa)
4 - "Berceuse" (Guilherme Arantes)
5 - "Pessoa-Ilha" (Ivan Lins)
6 - "Praga" (Erasmo Carlos)
7 - "Aos Meus Pés" (João Bosco)
8 - "Aurorear" (Joyce)
Avaliação: ótimo
Maravilhosa🙏👏👏👏
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