Resenha: Estados Unidos vs. Billie Holiday, de Lee Daniels


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Existem certas histórias que nascem praticamente prontas e, nas mãos de um roteirista e um diretor competentes, pouco precisam de mexidas bruscas ou uma direção muito marcante. Mas existem pessoas que precisam colocar a mão em tudo e acabam deixando uma boa história escorrendo pelos dedos, caso de "Estados Unidos vs. Billie Holiday", filme de Lee Daniels.

Billie Holiday (1915-1959) foi uma das melhores e mais importantes cantoras da história dos Estados Unidos. Em quase 30 anos de carreira, ela mudou a história do jazz com interpretações brilhantes de alguns dos maiores clássicos. Perseguida por cantar "Strange Fruit", música forte sobre os linchamentos sofridos por afro-americanos no Sul do país, acabou morrendo em consequência de uma cirrose e algemada em uma cama nos últimos momentos de vida.

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Um material assim não precisa de muita coisa para ser bom e fazer sucesso, ainda mais com uma Andra Day espetacular no papel principal — poucas pessoas conseguem encarnar alguém com tanta maestria quanto ela. O problema é o peso desnecessário da direção e do roteiro em determinadas cenas, deixando o filme um tanto previsível em diversos aspectos.

Uma narrativa cheia de uso de drogas, sexo, perseguição injusta de um departamento de Estado inteiro contra uma pessoa não precisa de flashbacks, excesso de drama, transições de cena e outros truques de roteiro e edição desnecessários. Isso cansa, principalmente quando o uso desses artifícios viram muletas e acabam escondendo quem foi Billie Holiday, uma cantora fantástica que fez tudo pela própria arte. Uma história simples seria suficiente, principalmente pela fantástica atuação de Day — não vou cansar de repetir isso.

"Estados Unidos vs. Billie Holiday" é desses filmes de potencial imenso estragados por uma direção que pensa mais em si própria do que na história. Uma pena, porque uma personagem desse calibre, com todos esses acontecimentos injustos e uma vida que valeu por 100 pessoas, merecia algo melhor.

Avaliação: regular

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