Resenha: The Boys - A História dos Sherman Brothers, de Gregory V. Sherman e Jeff Sherman


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Ao longo dos anos, a Disney foi uma fábrica de talentos nas mais diversas áreas do entretenimento. Mesmo com Walt Disney levando o crédito por tudo, nos últimos anos, mais e mais produções têm mostrado como a engrenagem criada por ele não seria nada sem um grupo de artistas talentosos dando apoio. Dois deles eram os Sherman Brothers.

Robert B. Sherman e Richard M. Sherman foram dois dos melhores compositores do primeiro auge da Disney, entre os anos 1940 até o final dos anos 1960. Homens de confiança de Disney em pessoa, eles eram livres para criar e passavam uma imagem de união e afeto pouco vistas na indústria. Mas não era assim no privado. É essa história que "The Boys: A História dos Sherman Brothers", disponível no Disney+, conta.

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Idealizado pelos primos Gregory V. Sherman e Jeff Sherman, o documentário traz um pequeno perfil de cada um e joga uma importante informação logo de cara: os irmãos são apenas integrantes da mesma família e, por uma coincidência do destino, vieram dos mesmos pais. E só. Eles eram completamente diferentes em todos os aspectos possíveis. Robert, escritor, era mais tímido, introspectivo e traumatizado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, enquanto Richard, músico, é mais solar, alegre e falante.

Desde cedo, era claro que eles jamais teriam uma relação mais próxima devido às respectivas personalidades, mas o destino fez o favor de juntá-los em um momento nada fácil para ambos e a parceria musical fluiu. E foi de um jeito que acabaram sendo contratados pela Disney para fazer canções e trilhas para os mais diversos projetos na TV, no cinema e animações. O auge deles foi a vitória dupla no Oscar em 1965 em Canção e Trilha Sonora por "Mary Poppins". Era a consagração após anos de trabalho duro.

Mas, afinal, por que eles não se gostavam? Muitas versões aparecem ao longo do documentário e nada é esclarecido de fato — eles se recusam a falar abertamente sobre o assunto. Então, os amigos surgem com teorias e algumas histórias, e as peças acabam se juntam de algum jeito. A personalidade de cada um não contribuiu para a união, as respectivas esposas não se bicavam e, no fim, a família simplesmente parou de se ver mesmo morando a sete quadras de distância.

O rompimento pessoal e profissional foi tão grande e profundo que nem mesmo o tempo, geralmente o senhor da calma e do perdão, foi suficiente para reavivar as melhores lembranças no reencontro em "Tigrão - O Filme" (2000) — eles fizeram a trilha da primeira animação e do primeiro filme do Ursinho Puff — ou nas estreias das adaptações teatrais de "Mary Poppins" (1964) e "O Calhambeque Mágico" (1968), já nos anos 2000. Nada. Eram praticamente dois desconhecidos.

Os primos conseguem trabalhar bem para contar essa necessária história de não apenas dois irmãos, mas da história da trilha sonora no cinema em um dos momentos mais importantes da melhora da tecnologia e do pós-guerra, quando toda uma geração de pessoas cresceu sem esses horrores. Eles ganharam prêmios já na velhice e conseguiram o reconhecimento ainda vida, algo sempre positivo. Apesar dos problemas pessoais nunca resolvidos, os Sherman Brothers fizeram história e a Disney teria muito menos sem eles.

Avaliação: muito bom

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