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Algumas decepções da nossa vida ficam marcadas para sempre na memória como aquela tatuagem feita em um momento de loucura por alguém sem a menor experiência. O resultado nem sempre é bom e você precisa conviver com isso por bastante tempo. Reavaliar a própria vida faz parte. Mas, em "Alta Fidelidade", a coisa vai além, embalada por uma ótima trilha sonora.
Rob Gordon é o dono de uma loja de discos e tinha uma namorada. Pois é, tinha. A vida dele desmorona e ele começa a reavaliar, erros e acertos no melhor modo que qualquer fã de música faria: em uma lista. Dez em cada dez fãs de música ama fazer uma lista, odiar, discutir o conteúdo e mudar a própria de um dia para o outro sem a menor explicação. É, esse pessoal que gosta de música além do aceitável é meio maluco (oi).
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A vida de Gordon é embalada por música o dia inteiro. Está feliz? Música. Está triste? Música também. Terapia? Reorganizar a imensa e preciosa coleção de discos de vinil em uma ordem que só ele entende. Enfim, um dia normal para qualquer colecionador. Assim, podemos acompanhar os sabores e dessabores da vida dele em diversos momentos — sendo um completo imbecil ou sendo um homem de coração partido.
O filme de Stephen Frears, adaptação de livro do mesmo nome de Nick Hornby, ganha corpo não só por ter John Cusack dando rosto a um personagem dos mais interessantes como pelo elenco de apoio. Todo mundo está muito bem, incluindo Jack Black interpretando ele mesmo.
Mas o mérito de "Alta Fidelidade" não está bem nisso.
O mérito está em retratar o personagem como um ser humano falho, com qualidades, defeitos e, do jeito dele, mostrar amor pelo próximo — fazer uma playlist é o "eu te amo" de Rob Gordon.
"Alta Fidelidade" é um filme que muda vidas e a relação com a música para sempre porque mexe muito com os sentimentos de qualquer pessoa na parte da música, nos relacionamentos de Rob ou em ambos. Com certeza não é o melhor filme do mundo, mas é um dos melhores do meu mundo. E isso basta.
Avaliação: muito bom
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