Resenha: Britney vs Spears, de Erin Lee Carr


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Em 29 de setembro, uma juíza colocou fim parcial na tutela de Jamie Spears sobre a filha, Britney. Foi mais de uma década de guarda, sendo os últimos dois ou três com fãs empenhados em uma campanha que ficou conhecida dentro e fora da internet como #FreeBritney.

Muitos materiais foram escritos e gravados para falar sobre a cantora. O mais recente é "Britney vs Spears", de Erin Lee Carr, disponível na Netflix. Carr conta com o apoio da jornalista Jenny Eliscu, que entrevistou a Britney mais de uma vez e passou a acompanhar de perto o caso da tutela ao longo dos 13 anos. O envolvimento delas é tanto que ambas acabam virando personagens do próprio documentário, uma escolha sempre controversa.

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Aliás, falando em escolhas, dá para ver que a produção começou pouco antes da pandemia e certos truques, como entrevistas por telefone e Eliscu e Carr fazendo a leitura de documentos, acabaram sendo soluções necessárias para fechar o material. Em um mundo sem pandemia, provavelmente esses movimentos não seriam feitos, mas, nesse caso, é perfeitamente entendível.

Três coisas são chocantes no longa: a primeira são provas documentadas de exames mostrando como Britney, ao longo dos anos, não tinha capacidade de cuidar da própria vida. Se não tinha, como estava apta ao trabalho? Disso, pessoas falam abertamente sobre chantagem, manipulação e troca de medicação com fins nada benéficos.

A segunda é a não-entrevista de Felicia Culotta, ex-assistente pessoal da cantora. Ao dizer que não queria citar ou falar sobre Jamie Spears, ela não precisa falar mais nada. Muitas vezes, o silêncio diz muito sobre uma pessoa perigosa. E, por fim, como o Estado da Califórnia simplesmente deixou que isso acontecesse sem se importar com a tutelada em nenhum momento? É um absurdo.

Apesar de algumas escolhas não tão boas, "Britney vs Spears" ajuda a entender um pouco a história para quem não acompanhou com profundidade, como funciona a tutela na Califórnia, entrevista personagens que estavam com cantora na época do surto e do pedido da tutela — algo necessário em um longa assim —, e, através de documentos, mostra como Jamie, dois advogados e uma empresa de entretenimento ficaram milionários. No fim, é um bom trabalho.

Avaliação: bom

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