Resenha: Sepultura - Quadra


Parece que só existem dois momentos na vida do Sepultura: lançar um disco novo e ficar falando sobre os irmãos Cavalera. Quando eles não estão em um assunto, estão no outro. E falar de quem já não está na banda, vamos lá, dá uma preguiça danada -- apesar de ser a tábua de salvação de muita gente na internet e na imprensa dita especializada. No lançamento do último trabalho, "Machine Messiah" (2017), havia certa expectativa -- e cumprida -- de um álbum muito bom e cheio de energia, pronto para colocá-los em um novo rumo na carreira e mantê-los em atividade por muito tempo.

Pois parece que a fome deles ainda não parou. Diferente do disco passado, "Quadra" apresenta mais elementos e gêneros diferentes, quase um resumo da história de mais de 30 anos do grupo misturado com uma abertura de leque para ampliar ainda mais o já vasto repertório. "Isolation" abre com o melhor do thrash metal. Veloz e furiosa, apresenta um Derrick Green mais inspirado do que nunca na composição e no vocal.

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O que era uma surpresa há anos atrás acabou virando uma confirmação agora: Eloy Casagrande consegue dar conta do recado com bastante mérito e talento. Seja em canções mais velozes, seja em momentos de maior mistura de gêneros, o jovem baterista mostra que não é apenas mais um a ocupar o posto. Nesse trabalho em especial parece que era o lugar de direito dele desde sempre. E Andreas Kisser, em alguns momentos, apresenta uma guitarra mais melódica e cheia de ritmo -- não apenas de riffs pesados vive o homem, não é mesmo?

É difícil não se surpreender pelas escolhas musicais aqui. Em "Capital Enslavement", tem uma coisa muito tribal e cheia de ritmo, algo que o Sepultura fez muito bem ao longo de sua história; em "Raging Void" e na instrumental "The Pentagram" é possível toda força do grupo que parece não ter vontade alguma em parar; "Guardians of Earth" mostra todo talento de Kisser em tirar bonitas melodias de um violão. Enfim, são apenas alguns exemplos de como o Sepultura ainda tem de onde tirar repertório sem ficar se repetindo como alguns de seus contemporâneos.

Provavelmente a que mais vai chocar os fã será "Autem", por misturar de forma mais clara dois gêneros diferentes: o metal do refrão com uma guitarra com um toque de frevo. Isso é o diferencial que faz o Sepultura brilhar por aí. Não é uma mera cópia do que acontece lá fora, mas alia todas as referências possíveis para criar uma sonoridade única.

"Quadra" é uma ótima notícia para quem é fã do Sepultura: eles ainda tem fôlego para gravar e lançar bons trabalhos. Não parece haver acomodação ou preguiça. É bom saber que uma banda veterana não senta em cima do antigo repertório e deseja seguir escrevendo uma história bonita. Mais uma vez, eles colocam na praça uma material de dar gosto.

Tracklist:

1 - "Isolation"
2 - "Means to an End"
3 - "Last Time"
4 - "Capital Enslavement"
5 - "Ali"
6 - "Raging Void"
7 - "Guardians of Earth"
8 - "The Pentagram"
9 - "Autem"
10 - "Quadra"
11 - "Agony of Defeat"
12 - "Fear, Pain, Chaos, Suffering"

Avaliação: muito bom




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