Guerra de narrativas só torna incêndio na Universal ainda mais lamentável


Desde o segundo semestre de 2019, a Universal enfrenta a grave acusação de esconder que um incêndio de proporções gigantescas acabou com o histórico acervo da gravadora e de boa parte de suas subsidiárias. Artistas, compositores, bandas e espólios, mais de uma década depois, ainda esperam os resultados de perícias e outros documentos para saber o que foi perdido ou não.

No final da última semana, a revista 'Rolling Stone' conseguiu com exclusividade documentos em que a gravadora confirma que 19 artistas perderam suas masters -- Nirvana, R.E.M., Beck, Slayer, Soundgarden, Elton John, Sheryl Crow, Sonic Youth, White Zombie, The Surfaris, Jimmy Eat World e ...And You Will Know Us By The Trail Of Dead estão entre os prejudicados. A confirmação das perdas veio em resposta ao processo movido ao longo dos últimos anos e a extensa matéria da revista do jornal 'New York Times' sobre o assunto.

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Ainda segundo a 'Rolling Stone', os advogados da Universal afirmaram que muitos desses processos não são mais válidos pois muitas das masters foram copiadas e repostas, mas um representante de um dos envolvidos, que não quis se identificar, revelou que esse movimento é uma tentativa da "empresa de tirar o corpo fora para não discutir o assunto da maneira devida".

E, horas depois dessa revelação e pouco tempo depois do anúncio da abertura do IPO (é um tipo de oferta pública em que as ações de uma empresa são vendidas ao público em geral numa bolsa de valores pela primeira vez) em no máximo três anos, Howard King, contratado pelos staffs de Soundgarden, Steve Earle, Tom Petty e Tupac, alega que a empresa tem escondido números e manipulado documentos para não revelar toda verdade.

"A Universal alegou que 17 mil artistas foram afetados pelo incêndio no início do processo. Agora que eles enfrentam uma ação judicial de boa parte de seu elenco, eles afirmam que apenas 19 artistas foram afetados. Essa discrepância é inexplicável", comentou.

A gravadora nega as declarações e ainda diz que a matéria da revista do 'New York Times' foi "exagerada com relação ao total de perdas", mas o estrago já foi feito e não apenas material. Enquanto durar essa guerra entre artistas e gravadora, muita coisa não vai acontecer -- seja relançamentos ou trabalhos inéditos --, porque a relação de confiança não existe mais. A guerra de narrativas não favorece ninguém.

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