Atualização: Grammy soltou uma nota no início da madrugada do dia 9/7 no horário brasileiro. Foram necessárias mais de 48 horas após a morte para alguma coisa ser feita.
No último sábado (6), o mundo da música recebeu com muita tristeza a morte de João Gilberto (1931-2019). Desde então, o músico e ícone da bossa nova foi homenageado em bonitos textos, obituários e na TV com boas histórias sobre sua música, as turnês e como levou a música brasileira a um novo patamar em um momento em que o Brasil exalava esperança.
Quem não prestou uma homenagem sequer até o momento foi a Recording Academy, organização conhecida por ser responsável pela entrega do Grammy anualmente. Até agora, apenas três tweets em três línguas diferentes foram postados na conta o Grammy Latino no Twitter. De resto, silêncio em todos os canais.
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Que o Grammy é um peso de papel chique, isso ninguém tem dúvida alguma. Há muito tempo, a premiação deixou de ser algo relevante para as pessoas, virando uma espécie de festa da firma em que cada vez mais é necessário agradar o público jovem para não perder audiência. Mas houve um tempo em que a premiação era relevante e servia para dar um rumo para quem queria ouvir alguma coisa. Por esses tempos de ouro, não homenagear João Gilberto beira a falta de respeito.
Em 1964, João Gilberto gravou com saxofonista Stan Getz um dos discos mais aclamados da música ocidental. "Getz/Gilberto" trouxe o saxofonista e o músico brasileiro acompanhados por Tom Jobim, Astrud Gilberto, Sebastião Neto e Milton Banana. Esse álbum levou o prêmio na principal categoria na sétima edição do Grammy, além do prêmio de Gravação do Ano para "The Girl from Ipanema" -- até hoje são as duas principais categorias.
Como a premiação que referendou João Gilberto e todo seu talento ao mundo simplesmente esquece de homenageá-lo? Com essa atitude, além de ser cada vez mais irrelevante no presente, a academia de música pisa no próprio passado ao perder a oportunidade de lembrar a todos que um músico brasileiro foi além ao mostrar ao mundo que a bossa nova não era só nossa.
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