Qualidade de gravações era trunfo na música popular dos anos 1970


Um dos lançamentos da nova edição do In-Edit Brasil é a série-documental História Secreta do Pop Brasileiro, do jornalista André Barcinski. É um ótimo documentário para mostrar como a música é feita muito mais por heróis e heroínas anônimos do que pelos famosos, uma número muito pequeno perto de quem realmente rala pesado para fazer a coisa acontecer ao longo de todo processo.

Ao ver a série, acabei tendo uma vontade incrível de ouvir alguns do sucessos que essas pessoas gravaram. Um deles é "Grilo na Cuca", conhecida na voz do cantor Dudu França. Ele foi um desses personagens que passou por muita coisa e trabalhou bastante até chegar ao sucesso de uma música em português. E uma das coisa que chama muito a atenção é a qualidade das gravações.

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Uma gravação não era uma brincadeira em um computador em que há várias possibilidades. "Grilo na Cuca", por exemplo, começa com um coral cantando e palmas até Dudu França entrar de vez na música. Ao fundo, é possível ouvir uma banda cheia de ritmo e sabendo exatamente o precisa ser feito para fazer uma gravação de alta qualidade.

Era uma época em que os grandes vendedores, como Nelson Gonçalves, Nelson Ned e outros, sustentavam o pessoal da Tropicália e financiava esse tipo de projeto. Era uma época em que uma música simples como "Grilo na Cuca" era levada muito a sério por todo mundo -- do produtor aos músicos. Não é por ser uma música simples, animada e feita para ser popular que merecia desprezo. Havia cuidado em fazer uma gravação realmente boa para tocar no rádio.

Isso mudou quando só o dinheiro começou a importar, quando um sucesso precisou ser substituído por outro o mais rápido possível. Quando a indústria começou a focar só em obter lucro, não na qualidade de seus trabalhos. Uma música simples não precisa ser algo simplório. Qualidade sempre foi, e sempre será, algo fundamental em uma canção. Seja ela no novo disco do Paul McCartney, seja com Dudu França e "Grilo na Cuca".




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