Resenha: St. Vincent – Masseduction


Guitarrista mudou a identidade visual para apresentar o novo álbum

St. Vincent (nome artístico de Anne Clark) é uma das grandes guitarristas da atualidade, como ela mostrou no disco que levou seu nome. Ao longo dos últimos anos, com mais intensidade a partir de 2016, a cantora foi mudando sua identidade visual e passou a apelar para cores vibrantes. Isso resultou no lançamento de dois singles ("New York" e "Los Ageless") e, pouco tempo depois, e de Masseduction – o muito esperado quinto disco de estúdio.

Segundo a cantora, Masseduction é um álbum de tom pessoal sobre a vida das pessoas e como ter poder pode ajudar ou acabar com tudo. O trabalho começa com a curta "Hang on Me", faixa extremamente pessoal em que St. Vincent canta que não pertence a esse mundo em um arranjo de base eletrônica. Mas o disco esquenta mesmo na seguinte, quando "Pills" apresenta uma cantora muito diferente do habitual. Muito experimental, a melodia acompanha uma letra sobre o mal da indústria farmacêutica para o mundo.

Veja também:
Resenha: Beck – Colors
Resenha: Courtney Barnett e Kurt Vile – Lotta Sea Lice
Resenha: Tim Bernardes – Recomeçar
Resenha: Liam Gallagher - As You Were
Resenha: Ringo Starr – Give More Love
Resenha: METZ – Strange Peace
Resenha: Guilherme Arantes – Flores & Cores


"Masseduction" é um jogo de palavras com massa ("mass" em inglês) com sedução ("seduction" em inglês) em que há um quê bem sensual e funciona bem, mas a seguinte, "Sugarboy", faz o disco pegar fogo – não literalmente, claro. Além de manter esse lado sensual da cantora em primeira pessoa, o grande destaque é lado completamente experimental ao soar algo retirado de algum momento da música eletrônica dos anos 1980.

Já está claro que a cantora decidiu apontar o dedo para tudo que vê de errado no mundo. Isso fica ainda mais claro em "Los Ageless", quando a insistente batida a ajuda a falar sobre como o ambiente de Los Angeles é nocivo para qualquer pessoa por impor padrões de beleza às mulheres o tempo inteiro. É uma das boas faixas da discografia de St. Vincent, assim como a balada "Happy Birthday, Johnny" – continuação direta de “Prince Johnny”, de 2014. O personagem segue melancólico, agora mais sozinho do que nunca.

"Savior" é uma balada mais, por falta de uma palavra mais adequada, normal em comparação com outras faixas do trabalho. Porém a grande canção do álbum é "New York", uma balada épica em total oposição à "Los Ageless", sobre os sentimentos da cantora em morar na cidade (I have lost a hero/ I have lost a friend/ But for you, darling/ I'd do it all again). Chama atenção que, ao mesmo tempo em que exalta o presente, a cantora teme o futuro quase na mesma medida. Em "Fear the Future", ela transborda esse sentimento em outra faixa bem alternativa.

A parte final reserva espaço para estranha "Young Lover", a instrumental "Dancing with a Ghost", a profunda "Slow Disco" e a questionadora "Smoking Section". Quatro faixas diferentes, mas que se complementam bem dentro do trabalho.

St. Vincent surpreendeu em seu novo álbum. Com menos guitarras e mais experimentalismo, a cantora mostra que está disposta a ir mais longe que algumas de suas contemporâneas. E isso é uma ótima notícia, principalmente por vê-la entregar um ótimo disco mais uma vez.

Tracklist:

1 - "Hang on Me"
2 - "Pills"
3 - "Masseduction"
4 - "Sugarboy"
5 - "Los Ageless"
6 - "Happy Birthday, Johnny"
7 - "Savior"
8 - "New York"
9 - "Fear the Future"
10 - "Young Lover"
11 - "Dancing with a Ghost"
12 - "Slow Disco"
13 - "Smoking Section"

Nota: 4/5



Saiba como ajudar o blog a continuar existindo

Gostou do post? Compartilhe nas redes sociais e indique o blog aos amigos!