Resenha: James Blake - The Colour in Anything


Cantor lança novo disco de inéditas três anos depois do último

Sabem aquele caso de cantor, cantora e/ou banda que faz muito sucesso em determinado país, mas é pouco visto e/ou ignorado no resto do mundo? Por exemplo, o Stone Roses. Adoro a banda, porém sei que estou em um grupo com poucas pessoas; Kasabian idem; James Blake é exatamente a mesma coisa: muito sucesso no Reino Unido, pouco no resto do mundo. E é incrível como os britânicos conseguem alimentar seu próprio mercado e mostrá-lo a outros países - isso é assunto para outro post.

Depois de levar o Mercury Prize em 2013 de melhor álbum com Overgrown, batendo David Bowie e outros bons trabalhos, Blake concentrou-se em ampliar seus horizontes musicais. Três anos após esse feito inesperado, ele lançou The Colour in Anything, o terceiro trabalho em estúdio, no início deste mês.

O tom etéreo de "Radio Silence" dá a letra de como será o disco inteiro: um apanhado de sonoridade, de experimentalismo e de letras melosas. Ao perceber isso, somado ao tempo do álbum – 76 minutos –, é difícil não desanimar para o resto da audição. Isso é comprovado na chata "Points", uma tentativa sem sucesso de emular o Radiohead.

A partir disso, parece que o trabalho não anda pelo simples fato de soar repetitivo. "Love Me in Whatever Way" e "Timeless" soam como se fosse a mesma música sem graça e cheia de enfeites desnecessários. A curta "f.o.r.e.v.e.r." passa despercebida, mas "Put That Away and Talk to Me" funciona bem, por incrível que possa parecer.

"I Hope My Life (1-800 Mix)" é outra que satisfaz ao misturar bem elementos da música eletrônica com um pop mais pesado em termos de letra. As puláveis "Waves Know Shores" e "My Willing Heart" antecedem a interessante e esquisita "Choose Me, cheia de nuances, momentos épicos e vários samplers.

Das outras canções em diante, tem a boa parceria com Bon Iver em "I Need a Forest Fire", as baseadas no piano "The Colour in Anything" e "Modern Soul" e a com toques de R&B "Always". As outras ficam entre o ruim e o regular, exatamente como é o disco. Blake tentou ousar em seu primeiro trabalho depois de tornar-se famoso, mas só conseguiu funcionar em algumas partes. No fim, o tamanho e o número de canções não se justificam.

Tracklist:

1 - "Radio Silence"
2 - "Points"
3 - "Love Me in Whatever Way"
4 - "Timeless"
5 - "f.o.r.e.v.e.r."
6 - "Put That Away and Talk to Me"
7 - "I Hope My Life (1-800 Mix)"
8 - "Waves Know Shores"
9 - "My Willing Heart" (Blake, Frank Ocean)
10 - "Choose Me"
11 - "I Need a Forest Fire" (featuring Bon Iver) (Blake, Justin Vernon)
12 - "Noise Above Our Heads"
13 - "The Colour in Anything"
14 - "Two Men Down"
15 - "Modern Soul"
16 - "Always" (Blake, Ocean)
17 - "Meet You in the Maze" (Blake, Vernon)

Nota: 2,5/5



Veja também:
Resenha: Ba Cissoko – Djeli
Resenha: Mahmundi – Mahmundi
Resenha: Twin Peaks – Down in Heaven
Resenha: Eric Clapton – I Still Do
Resenha: Guided By Voices – Please Be Honest
Resenha: Primal Scream - Chaosmosis
Resenha: BaianaSystem – Duas Cidades

Esse post foi um oferecimento de Felipe Portes, o primeiro patrão do blog. Contribua, participe do nosso Patreon.

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.

Siga o autor no Twitter