Resenha: Ba Cissoko – Djeli


Musico da Guiné lançou seu novo disco recentemente

O guineense Ba Cissoko é líder de uma banda que ficou conhecida por tocar kora, uma espécie de harpa com 21 cordas com formato de banjo que traz uma sonoridade entre a delicadeza e a música flamenca tradicional, instrumento comum na África Ocidental. Ele modernizou o som e conseguiu levar isso para outros lugares do continente africano, conquistando um novo público por onde passava. Djeli é o quinto trabalho em estúdio, lançado no início deste mês.

A kora é apresentada para quem não teve a chance de conhecê-la antes nos primeiros segundos de "Djelia", faixa de abertura que traz tudo que se espera da música da África Ocidental – muito ritmo pautado pelos instrumentos de corda. O reggae aparece na seguinte, "N'fasso", em que o vocal ajuda a ditar no ritmo da canção.

"Djougouya" começa lenta, apenas com a kora ressoando ao fundo para dar o tom, e segue assim – é uma bonita canção, diga-se. A temática de "C'est pas facile" não é das mais felizes, mas a melodia animada ajuda a entender melhor a situação deles, já o refrão grudento ajuda a deixar "Baye fall interessante ao longo dos pouco mais de três minutos de audição.

A parte melódica de "Aiba" e "Teme", principalmente a usada como refrão instrumental no início da segunda metade, carrega as canções de uma maneira avassaladora. É possível até deixar o vocal de lado e curtir apenas os instrumentos de tão espetaculares que são. E a instrumental de verdade "N'goni solo" consegue dar sequência ao amarrar tudo de maneira sublime.

O vocal retorna em "Mamadou", outra de instrumentação muito melódica, é seguida por "Goredi". Ela soa como um ritual local, algo muito daquele ponto específico do mundo. Por isso sair do centro musical tá tão fascinante: é possível descobrir coisas incríveis e até conhecer novas culturas sem sair de casa.

"Khebui" traz uma influência da música indiana ao trabalho, e "Djeguema" mostra que o jazz misturado com a música local pode dar um resultado interessante e para ser ouvido com atenção. A instrumental "Fakoly" encerra o disco muito bem, um ótimo trabalho para mostrar que a música feita na África merece mais espaço por aí. Porque juntar a música local com outros ritmos, e fazer isso tão bem, denota uma habilidade musical incrível.

Tracklist:

1 - "Djelia"
2 - "N'fasso"
3 - "Djougouya"
4 - "C'est pas facile"
5 - "Baye fall"
6 - "Aiba"
7 - "Teme"
8 - "N'goni solo"
9 - "Mamadou"
10 - "Goredi"
11 - "Khebui"
12 - "Djeguema"
13 - "Fakoly"

Nota: 4/5



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