Resenha: BaianaSystem – Duas Cidades


Quatro músicos se juntaram em um grupo que reúne todo tipo de influência

A união de SekoBass, Filipe Cartaxo, Russo Passapusso e Roberto Barreto formou o grupo BaianaSystem, que diz no release de divulgação que não há nada parecido com eles. E é verdade. É axé, é eletrônica, é dub, é pagode, é tambor, é uma junção de ritmos e ideias de música em um mesmo lugar. De desconhecidos a revelação do ano, a banda lançou Duas Cidades – segundo álbum de estúdio - em abril.

Ao abrir o trabalho com "Jah Jah Revolta, Pt. 2", o BaianaSystem mostra um reggae com toques eletrônicos muito interessante e que chama a atenção logo de cara, abrindo caminho para a curiosidade de saber como será o restante. O reggae mantém como estilo principal em "Bala na Agulha", em que o veloz vocal traz um pouco do rap cheio de influência da eletrônica.

Com um quê de Novos Baianos, "Lucro: Descomprimindo" é dançante e cheia de ritmo, aliada a uma letra cheia de referências ao que acontece em boa parte do Brasil na maioria dos setores da sociedade. E a faixa-título é uma leitura de Salvador, capital da Bahia, feita por quatro pessoas que estão lá e/ou são de lá. Quem melhor para saber os problemas e coisas boas de um lugar? As pessoas que moram lá com uma visão crítica e certeira do todo.

"Playsom" tem um ritmo muito próprio e muito peculiar, e isso só acontece pela mistura de ritmos, pela junção de gêneros, instrumentos e estilos. E funciona que é uma beleza, assim como o carimbó cheio de beleza de "Dia da Caça", que encerra com uma bela parte instrumental. Também instrumental, só que toda, "Cigano" tem um potencial imenso para fazer o pessoal dançar – Siba faz participação especial.

As Ganhadeiras de Itapuã fazem de "Panela" quase um manifesto sobre as comunidades baianas mais humildes, que tem a comida e a música como principais patrimônios para preservar. E "Calamatraca" traz um ritmo dançante e cheio de uma cultura muito rica da Bahia. "Barra Avenida, Pt. 2" tem a influência da música africana, algo comum na música baiana popular como um todo, e a bonita instrumental "Azul" fecha o álbum.

O BaianaSystem não é só um grupo que se juntou para fazer música, é um grupo necessário para conhecer a música regional e todas as influência que fazem do Brasil um lugar de cultura incrível nos olhos do mundo. Se uma banda representa a música brasileira hoje, essa banda é o BaianaSystem.

Tracklist:

1 - "Jah Jah Revolta, Pt. 2"
2 - "Bala na Agulha"
3 - "Lucro: Descomprimindo"
4 - "Mercado"
5 - "Duas Cidades"
6 - "Playsom" (feat. Márcio Victor)
7 - "Dia da Caça"
8 - "Cigano" (Instrumental) (feat. Siba)
9 - "Panela" (feat. As Ganhadeiras de Itapuã)
10 - "Calamatraca"
11 - "Barra Avenida, Pt. 2"
12 - "Azul"

Nota: 4,5/5



Veja também:
Resenha: Pet Shop Boys – Super
Resenha: Graham Nash – This Path Tonight
Resenha: Radiohead – A Moon Shaped Pool
Resenha: Ben Harper and The Innocent Criminals - Call It What It Is
Resenha: Brian Eno – The Ship
Resenha: Willie Nelson - Summertime: Willie Nelson Sings Gershwin
Resenha: Explosions in the Sky – The Wilderness

Esse post foi um oferecimento de Felipe Portes, o primeiro patrão do blog. Contribua, participe do nosso Patreon.

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.

Siga o autor no Twitter