Resenha: Black Alien – No Princípio Era o Verbo - Babylon by Gus, Vol. II


Onze anos é tanto tempo, que muitas coisas são esquecidas ou ficam registradas apenas na nossa memória emocional, não significando uma lembrança 100% verdadeira dos acontecimentos. Esse tempo todo, Black Alien ficou sem lançar um disco de inéditas – e como fez falta. No Princípio Era o Verbo - Babylon by Gus, Vol. II é a continuação de Babylon By Gus – Vol. I: O Ano Do Macaco? Não importa muito a resposta, o importante é que um dos grandes nomes do rap nacional está de volta.

Gustavo Ribeiro, nome de Black Alien, começa o novo álbum fazendo um resumo de sua vida na introdução "1972 (Intro)", mas é em "Rolo Compressor" o real início. Se é possível dizer, ele usa rimas interessantes, um pedaço em inglês e uma gaita, e a romântica e boa "Rolo Compressor" tem a bela participação de Céu fazendo os vocais de apoio.

Edi Rock, dos Racionais, participa na ótima "Rock N’ Roll", relato de duas vidas diferentes em estados brasileiros diferentes – bom para perceber como essas realidades se encontraram na música de alguma forma. Ao iniciar pelo refrão e ajudada por um coro infantil, "Terra" bate na tecla de ‘eu vou ficar bem’, porém relata algumas coisas que vêm acontecendo por aqui há algum tempo e de olho ‘na molecada, futuros mães e pais’.

Animada e a mais cativante de todo disco, até pelo tom infantil e de identificação fácil, "Skate No Pé" tem refrão simples para decorar e pinta entre as ótimas músicas feitas no Brasil neste ano. E "Quem É Você" é pesada, reflexiva e serve para qualquer um de nós pensarmos um pouco mais sobre nossos papeis na sociedade atual (como sempre, Luiz Melodia está ótimo). O teor romântico volta na suave "Falando do Meu Bem", em que a seção de sopros está muito boa.

Daquelas que tem potencial imenso para fazer sucesso, pelo tom épico, quê de identificação e fácil acesso a nova geração, que está acostumada com Emicida, Criolo e essa era do rap mais leve – sobre "Identidade". Completamente oposta à anterior, "O Estranho Vizinho da Frente" é muito anos 1990 e é preenchida pela batida e o uso do DJ mandando ver. Outra absurdamente ótima é "Homem de Família" e, por fim, "Cidadão Honorário (Outro)” encerra o disco com Black Alien fazendo uma espécie de árvore genealógica de sua vida.

Toda vez que um retorno de um músico acontece, a tendência é ficar com o pé atrás com relação ao trabalho de inéditas que ele pretende lançar. Mas fiquem tranquilos, Black Alien não só fez um disco ótimo, leve e cheio de referências, como conseguiu aliar o melhor do passado e do presente do rap. Certamente, estará entre os bons discos brasileiros do ano.

Tracklist:

1 - "1972 (Intro)"
2 - "Rolo Compressor"
3 - "Somos o Mundo" (Part. Céu)
4 - "Rock N’ Roll" (Part. Edi Rock)
5 - "Terra"
6 - "Skate No Pé" (Part. Pareum & Kamau)
7 - "Quem É Você" (Part. Luiz Melodia)
8 - "Falando do Meu Bem"
9 - "Identidade"
10 - "O Estranho Vizinho da Frente"
11 - "Homem de Família"
12 - "Cidadão Honorário (Outro)”

Nota: 4,5/5



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