Resenha: Daby Touré – Amonafi


Nascido em Boutilimit, na Mauritânia, e criado na cidade de Casamança, no Senegal, Daby Touré cresceu fazendo de tudo um pouco na fazenda de um tio. Nessa época, além de aprender os dialetos locais, também se interessou por bateria e aprendeu a tocá-la de forma amadora e improvisada usando latas que encontrava pela cidade.

De volta à Mauritânia, conheceu Police, Bob Marley e Stevie Wonder através do irmão mais velho e aprendeu a tocar guitarra, mesmo com a proibição do pai. No meio dos conflitos éticos no país, ele aceita o convite da banda Touré Kunda e muda-se para Paris para estudar e tocar, aos 19 anos. Lá, encontrou na parceria com o primo Omar Touré a chance de fazer música do jeito que desejava – formando o duo de afro jazz chamado Touré Touré. A partir dessa parceria de sucesso, Daby Touré seria um dos músicos mais requisitados do continente por seu estilo e sonoridade únicos.

A delicadeza de "Woyoyoye", de instrumentos pontuados, melodia serena e voz tranquila são interessantes para começar a entender o trabalho de Touré em Amonafi, novo disco de estúdio, mas o entendimento sobre o cantor e multi-instrumentista é entendido melhor em "Amonafi". E a veia pop aparece na seguinte, a excelente "Kiba" – muitos nomes brasileiros dariam um braço para ter feito essa faixa, uma mistura ótima de instrumentos e influências das diversas culturas presentes na vida dele.

Dançante e com uma guitarra que consegue dar o ritmo exato, "Oma" coloca o ouvinte em uma posição de não saber mais o que esperar do álbum, então seguir a audição acaba sendo uma coisa prazerosa porque não devemos menosprezar um músico apresentando quatro ótimas músicas diferentes entre si. Alguma coisa ele tem. E é boa. "Emma", "Little Song" e "If You" trazem mais da música africana ao trabalho.

O auge da influência das canções regionais está na sétima canção, "Khone", quase um ritual local em que instrumentos ou música não são necessários, apenas as vozes são capazes de gerar um encantamento difícil de ver e/ou ouvir por aí. para qualquer brasileiro, será difícil não relacionar "Kille" com a Bahia, ainda mais por ser a faixa mais ensolarada do álbum (até por isso, é fundamental entender mais essa relação entre o estado brasileiro e a África). Outra mais pop é "Debho", uma lição para quem deseja misturar gêneros sem soar bobo.

Aqui, inicia a série de três ótimas canções – coincidentemente, as últimas do disco. De refrão fácil, "Mina" é encantadora; "Soninko" chama o ouvinte a dançar sem sair do lugar; "Ndema" encerra de maneira acústica e serena, mostrando todo talento de Daby Touré como instrumentista e compositor. Com quase 30 anos de carreira, parece que ele está só começando a misturar os gêneros e a fazer coisas diferentes. Que ele não pare.

Tracklist:

1 - "Woyoyoye"
2 - "Amonafi"
3 - "Kiba"
4 - "Oma"
5 - "Emma"
6 - "Little Song"
7 - "If You"
8 - "Khone"
9 - "Kille"
10 - "Debho"
11 - "Mina"
12 - "Soninko"
13 - "Ndema"

Nota: 4/5



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