Resenha: Brandon Flowers – The Desired Effect


O Killers está longe de ser a maior banda dos últimos 15 anos, mas é um fato que a popularidade do grupo impulsionou a carreira do vocalista Brandon Flowers, uma das vozes mais reconhecíveis da geração de grupos que apareceu entre 2003 e 2005 – incluindo Keane e Franz Ferdinand, para falar de duas que também apareceram na mesma época.

Há cinco anos, Flowers lançou seu primeiro disco solo, chamado Flamingo, de 2010. Particularmente, é um disco bom, nada além disso. O foco mesmo estava em sua banda principal, que vem apenas caindo na qualidade ao fazer discos óbvios e cheios de músicas ruins. The Desired Effect, segundo registro fora do Killers, acaba chegando com uma responsabilidade muito grande: apagar a má impressão dos últimos anos da banda e recolocar o vocalista nos eixos.

O ar épico feliz do Killers aparece em "Dreams Come True", que soa muito como uma sobra de Battle Born, último disco do grupo. Para não soar tanto a banda que faz parte, Flowers mudou o arranjo e não usa tanto a guitarra como base, mas algo mais forte e cheio de energia. A segunda canção ("Can't Deny My Love") é mais parecida com as lançadas em sua primeira empreitada solo, e até que funciona bem – o refrão colabora bem para isso.

A onda balada com aquele quê reciclado de disco music aparece em "I Can Change". E vamos combinar uma coisa: não, apenas não. É muito ruim o vocal duplicado com aquela baladinha ao fundo, e não melhora muito em "Still Want You", que tem um início que não me soa estranho, mas confesso não lembrar qual é a música.

Quase todo cantor, cantora ou banda tem sua bola de segurança. O que é isso? São canções que, antes mesmo de o disco sair, você sabe que terá ao menos uma dela lá. Esse é o caso de "Between Me and You", uma balada que Flowers poderia ter lançado em qualquer disco – do Killers ou não – que ninguém acharia estranho. E não basta ter uma bola de segurança, precisa de duas, sendo uma sequência da outra ("Lonely Town").

A animada e bontinha "Diggin' Up the Heart" dá conta do recado no que se propõe a fazer, enquanto "Never Get You Right" não é boa, nem ruim. O final do disco reserva outra canção que poderia entrar em qualquer outro trabalho do vocalista ("Untangled Love") e uma mais uma balada com ares épicos ("The Way It's Always Been"), que fará fãs pelo mundo inteiro desabarem no choro nas apresentações.

Parece que Brandon Flowers só canta um tipo de música e só muda a melodia, seja uma balada disco, uma canção romântica ou algo mais épico. Tem algumas canções boas aqui, mas um disco não se sustenta com apenas duas ou três boas. É preciso um pouco mais.

Tracklist:

1 - "Dreams Come True"
2 - "Can't Deny My Love"
3 - "I Can Change"
4 - "Still Want You"
5 - "Between Me and You"
6 - "Lonely Town"
7 - "Diggin' Up the Heart"
8 - "Never Get You Right"
9 - "Untangled Love"
10 - "The Way It's Always Been"

Nota: 2/5


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