Resenha: Seasick Steve – Sonic Soul Surfer



O californiano Steven Gene Wold, mais conhecido como Seasick Steve, é um veterano na cena musical. Já atuou como engenheiro de estúdio, produtor e músico contratado. Nesta caminhada, chegou a tocar nas ruas em troca de dinheiro, quando vivia em Paris. Apesar de ter lançado o primeiro disco solo, Cheap, em 2004, o músico só alcançou o grande público no final de 2006, quando se apresentou no especial de fim de ano da BBC, comandado por Jools Holland. Naquele momento, o som característico de Steve – utilizando uma guitarra com apenas três cordas – e a performance energética encantaram não só a plateia, mas também conquistaram a audiência.

Desde então, ele gravou mais cinco discos e se apresentou em diversos pontos do globo. Desde 2013 sem apresentar um álbum de inéditas, Seasick Steve lançou recentemente Sonic Soul Surfer. A produção é ‘enxuta’, assim como nos discos anteriores: nada de muitos retoques para deixar o som o mais limpo possível – o intuito do músico é soar autêntico. Na abertura, a animada “Roy’s Gang”, o timbre característico de Steve já aparece. O problema aqui reside no fato de a canção ser longa demais (6min7s), o que acaba tornando-a um pouco cansativa. 

“Bring It On” é daquelas que fazem o ouvinte imaginar uma festa numa fazenda tradicional do interior dos Estados Unidos e tem a naturalidade e habilidade do músico na técnica de slide guitar como destaque. “Dog Gonna Play” não chega a ser um slow blues, mas diminui um pouco a agitação das duas primeiras faixas e soa agradável ao ouvido. “In Peaceful Dreams” mostra Steve no banjo, em um clima mais caipira (e intimista) e, se não compromete, também não é um ponto alto no disco.

Em “Summertime Boy”, que traz a animação de volta em um clima ‘rock’, o músico explicita o amor pelo verão (“I need sunlight/’cause I’m a Summertime Boy”). Um raro e curto de solo de guitarra (sem slide) aparece nesta faixa, sendo uma grata surpresa. Já “Swamp Dog” salta mesmo aos ouvidos quando Steve executa solos de slide guitar recheados com doses generosas de distorção. “Sonic Soul Boogie” tem um riff que marca a canção e batidas que entram aos poucos e vão deixando o ouvinte com vontade de bater o pé no mesmo ritmo. É, das faixas do disco, a que deve funcionar melhor nas apresentações ao vivo.

O lado mais ‘sensível’ de Seasick Steve aparece na singela “Right On Time”, de voz e violão, em que ele canta sobre o desejo de voltar a tempo de encontrar a amada, que o espera pacientemente. “Barracuda ‘68” volta com a pegada ‘rock’ no disco, mas não empolga tanto. “We Be Moving” tem guitarras mais ‘limpas’ e fala sobre a natureza nômade do músico, que só terá fim quando ele morrer (“when they lay me down in the cold, cold ground”). “Your Name”, outro blues no álbum, é como a faixa de abertura: interessante, mas funcionaria melhor se fosse mais curta. “Heart Full Of Scars”, outra que conta apenas com a voz e violão, fecha o disco com um Steve reflexivo, aceitando o fato de que o ciclo da vida está mais próximo do inevitável final (“I’ve got years on my body/and I believe it’s time to go”).

Sonic Soul Surfer não ‘reinventa a roda’ (da música e de Seasick Steve), mas é um bom disco. É um registro relaxado (no bom sentido) e honesto, assim como o é o artista em questão – a última característica é rara quando se olha para o cenário musical atual, especialmente no mainstream. Além disso, quem conhece a carreira de Steve sabe que as apresentações ao vivo constituem a melhor característica deste veterano andarilho da música.

Tracklist:

1 – “Roy’s Gang”
2 – “Bring It On”
3 – “Dog Gonna Play”
4 – “In Peaceful Dreams”
5 – “Summertime Boy”
6 – “Swamp Dog”
7 – “Sonic Soul Boogie”
8 – “Right On Time”
9 – “Barracuda ‘68” 
10 – “We Be Moving”
11 – “Your Name”
12 – “Heart Full of Scars”

Nota: 3,5/5


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