Resenha: Steve Earle and The Dukes - Terraplane



“Bom, todos estavam cansados de minhas músicas alegres”. Essa foi a explicação oficial de Steve Earle ao decidir por fazer de Terraplane, seu mais recente lançamento, um disco de blues. Além disso, o músico passava por um processo de divórcio durante o processo de composição e de produção do disco – o que explica em parte a escolha, consciente ou inconsciente, pelo gênero para o álbum que é objeto desta resenha.

Quem acompanha Earle sabe que a carreira dele se baseia em gêneros como o folk, rock e country, basicamente. A guinada para o blues, de certa forma, surpreende. E que grata surpresa! O músico, junto com o The Dukes – a banda de apoio, formada por Chris Masterson (guitarra), Kelly Looney (baixo) e Will Rigby (bateria) – trafega pelo gênero como se tivesse feito isso desde o início dos tempos.

Do blues de gaita “Baby Baby Baby (Baby)”, a primeira faixa, até “King of the Blues”, a última, o ouvinte é presenteado com composições inspiradas, como “You’re the Best Lover That I Ever Had” (um recado para a ex?) e a ótima “Baby’s Just as Mean as Me” – esta, com a participação de Eleanor Whitmore nos vocais.

“The Tennessee Kid” conta uma história legal, mas a parte instrumental, ainda que seja boa, não está à altura. “Ain’t Nobody’s Daddy Now” tem melodia alegre e fala sobre alguém que se liberta de amarras, enquanto “Better Off Alone” tem melodia e letra triste, com um eu lírico que tenta se mostrar forte após a separação, mas que na verdade está inconsolável. Algo a ver com o momento pessoal de Earle enquanto gravava o disco? Imagina...

“The Usual Time” soa como os blues de Freddy King e é ótima. Ainda que “Go-Go Boots Are Back não mantenha o nível e não empolgue, não é uma faixa de se jogar fora. “Acquainted with the Wind” e seu blues acústico é interessante, mas a faixa que conta com a participação de Whitmore é tão boa (letra e melodia) que rouba a atenção do ouvinte, fazendo ele praticamente se esquecer da canção que a antecede.

“Gamblin’ Blues”, outro blues acústico – com toques de folk e country – conta a história de um trapaceiro solitário e é a que mais se aproxima dos trabalhos anteriores de Earle. A música que encerra o disco, outra digna de destaque, traz as guitarras de volta, com progressões de acordes que lembram Hendrix, embora tenham personalidade própria.

A tristeza de Earle foi a ‘responsável’ pelo surgimento de Terraplane. A má fase na vida pessoal deu a ele os elementos para compor este disco. E ele não poderia ter escolhido outro gênero para escrever as canções. Para a primeira incursão em um disco praticamente voltado para o blues, o resultado é ótimo.
Tracklist:

1 – “Baby Baby Baby (Baby)”
2 – “You’re the Best Lover That I Ever Had”
3 – “The Tennessee Kid”
4 – “Ain’t Nobody’s Daddy Now”
5 – “Better Off Alone”
6 – “The Usual Time”
7 – “Go-Go Boots Are Back”
8 – “Acquainted with the Wind”
9 – “Baby’s Just as Mean as Me” (feat. Eleanor Whitmore)
10 – “Gamblin’ Blues”
11 – “King of the Blues”

Nota: 4,5/5

Veja também:
Resenha: Drake - If You're Reading This It's Too Late
Resenha: Iron and Wine - Archive Series Volume No. 1
Resenha: José González – Vestiges and Claws
Resenha: Slipknot - .5: The Gray Chapter
Resenha: Carl Barât and The Jackals – Let It Reign
Resenha: Randy Brecker with the DePaul University Jazz Ensemble – Dearborn Station
Resenha: Napalm Death - Apex Predator - Easy Meat

Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!