Resenha: Randy Brecker with the DePaul University Jazz Ensemble – Dearborn Station



A DePaul University Jazz Ensemble é uma das big bands mais renomadas do circuito universitário norte-americano. Há mais de vinte anos, o grupo se apresenta e grava suas performances na lendária casa de shows Jazz Showcase, de Chicago, EUA. Para Dearborn Station, o mais recente registro da big band, o convidado da vez foi o trompetista Randy Brecker.

Brecker participou de discos e/ou turnês com artistas como Bruce Springsteen, Lou Reed, Frank Zappa, entre outros, além de ter liderado – ao lado do falecido Michael Brecker, seu irmão mais novo – a The Brecker Brothers. Neste registro, o músico aparece em seis das nove faixas, causando estranheza naqueles que estão acostumados com o nome do artista principal vindo em primeiro lugar no disco ao invés do nome do convidado.

‘Estranhezas’ à parte, vamos ao que interessa: trata-se, basicamente, de um disco de standards, com duas faixas compostas por Brecker e outra por Bob Lark, o diretor da big band. “Squids”, uma das músicas compostas pelo convidado, abre os trabalhos com muito suingue e um solo de trompete – recheado com altas doses de reverb – executado com maestria pelo convidado. 

Em “Well, You Needn’t”, uma releitura do original de Thelonious Monk, o naipe de metais comanda as ações, com direito a solos de saxofone, trombone e, claro, do trompete de Brecker. “On Green Dolphin Street” – gravada entre outros, por Miles Davis – recebe um arranjo que a transforma praticamente em uma nova canção, com uma pegada hip-hop, e é a melhor do disco. 

As coisas voltam para o ‘tradicional’, sem perder o brilho, quando a segunda faixa composta por Brecker, “You’re in My Heart”, começa a tocar. É uma canção que não deixa a desejar se comparada aos melhores momentos dos standards e na qual o ouvinte é presenteado novamente com o naipe de metais em ótima forma e belos solos executados pelo convidado.

“Infant Eyes”, de Wayne Shorter, é mais um grande momento do disco e apresenta o lado mais ‘sensível’ de Brecker, com a big band fazendo o plano de fundo de modo sutil e preciso. Fechando a participação do convidado no álbum, “It’s You or No One”, outro clássico dos standards. Aqui, Bob Lark mostra que é mais do que o diretor da DePaul University Jazz Ensemble e divide os solos de trompete com Brecker, dando ainda mais energia para a performance.

 A faixa seguinte, “Cathy’s Song”, composta originalmente por Lark, traz de volta o clima intimista para o disco, sendo a única em que a guitarra se destaca – com um solo que se encaixa perfeitamente no clima da canção. A dobradinha final, “Tina’s Glass Nickel” e “Blues in Hoss’ Flat” (de Richie Palys e Frank Foster, respectivamente), faz jus às tradições das big bands, sendo executada pelo grupo com precisão e energia.

Dearborn Station é, sem dúvida, um registro que reafirma a grandeza e a importância tanto da DePaul University Jazz Ensemble quanto de Randy Brecker para o jazz, além de provar que as big bands são relevantes e ainda têm espaço para brilhar dentro do gênero.

Tracklist:

1 – “Squids”
2 – “Well, You Needn’t”
3 – “On Green Dolphin Street”
4 – “You’re in My Heart”
5 – “Infant Eyes”
6 – “It’s You or No One”
7 – “Cathy’s Song”
8 – “Tina’s Glass Nickel”
9 – “Blues in Hoss’ Flat”

Nota: 4,5/5


Veja também:
Resenha: Napalm Death - Apex Predator - Easy Meat
Resenha: Pond - Man It Feels Like Space Again
Resenha: Peace – Happy People
Resenha: 24Pesos – Do The Right Thing
Resenha: Father John Misty - I Love You, Honeybear
Resenha: Pneu - Destination Qualité
Resenha: Jair Naves – Trovões A Me Atingir

Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!