Resenha: Mark Lanegan Band – Phantom Radio


A vida musical de Mark Lanegan começou em uma das bandas mais subestimadas da história do grunge e dos anos 1990: o incrível Screaming Trees. Entre um projeto e outro, foram 16 anos no grupo. Depois desse período, ele colaborou com o Queens of the Stone Age, o Gutter Twins (projeto com Greg Dulli, do Afghan Wigs), formou um duo com o vocalista do Belle & Sebastian e trabalhou em inúmeras outras coisas.

Então, em 2012, ele retornou de vez com a carreira solo e vem fazendo um disco atrás do outro, basicamente. Depois do excelente Blues Funeral e do regular Imitations, Lanegan soltou um EP mês passado (clique aqui e leia a resenha) e um disco nesta semana. Phantom Radio é o décimo disco de estúdio do vocalista.

A atmosfera inicial de "Harvest Home" só comprova o que venho defendendo há algum tempo: Lanegan é sério candidato a ocupar o posto de Nick Cave quando Cave ocupar o lugar que é de Leonard Cohen. Qual lugar, você pergunta? O lugar de poeta que faz canções sombrias envolvendo vida, morte, céu e inferno – às vezes, tudo na mesma letra. E "Judgement Time" é exatamente isso que citei, e por ser uma canção toda no violão, beira a melancolia.

Na espetacular, "Floor Of The Ocean" o cantor prova que é um dos poucos que consegue trabalhar tão bem a tristeza de uma forma que não soe apenas como uma faixa triste. Ele traz a reflexão, algo muito importante em uma letra tão profunda. A bateria eletrônica tira um pouco da naturalidade de "The Killing Season". Só lamento isso. De resto, é outra letra espetacular.

Um bom acerto é a maneira como "Seventh Day" foi tratada. Melodia simples casa muito bem com a voz rouca de Lanegan – aliás, uma das grandes vozes da música atual. Aqui, os elementos eletrônicos acrescentam mais do que atrapalham. Se eu não ouvisse "I Am The Wolf" nesse disco, juraria que Nick Cave escreveu a canção e deu ao colega. Soa muito como o Cave dos anos 1990 cantado por um Lanegan que amadurece musicalmente, como Nick amadureceu nos anos 1980.

O ápice o disco é na excelente "Torn Red Heart". A guitarra com efeito, a boa letra e um vocal inspirado, tudo fecha em uma das melhores músicas do ano. A pesada "Waltzing In Blue" é carregada de sentimento e parece assustar um pouco, mas até isso tem sua beleza. Outra que também tem sua beleza é "The Wild People", que parece ser inspirada nas cantigas irlandesas do século 19 por soar, como dizem, tradicional. Para encerrar, "Death Trip To Tulsa" só comprova os elogios ao cantor. Que canção.

Traduzir a melancolia em palavras não é fácil, e Mark Lanegan vem fazendo isso ao longo dos últimos dois anos. Sua discografia fica ainda mais rica com esse novo álbum, provando que os músicos dos anos 1990 podem, e devem, buscar algo novo para suas carreiras.

Tracklist:

1 - "Harvest Home"
2 - "Judgement Time"
3 - "Floor Of The Ocean"
4 - "The Killing Season"
5 - "Seventh Day"
6 - "I Am The Wolf"
7 - "Torn Red Heart"
8 - "Waltzing In Blue"
9 - "The Wild People"
10 - "Death Trip To Tulsa"

Nota: 4/5



Veja também:
Resenha: Thurston Moore – The Best Day
Resenha: Thom Yorke – Tomorrow’s Modern Boxes
Resenha: Cachorro Grande – Costa do Marfim
Resenha: Julian Casablancas + The Voidz – Tyranny
Resenha: The New Pornographers - Brill Bruisers
Resenha: Weezer - Everything Will Be Alright in the End




Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+ e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!

Comentários