Resenha: Kendrick Lamar – DAMN.


Rapper chamou bastante atenção ao lançar disco na última semana

Kendrick Lamar conseguiu impressionar o mundo da música ao lançar To Pimp a Butterfly (2015). Ao conseguir protestar e traduzir exatamente o que se passava naquele momento, o rapper trouxe a discussão do racismo e da violência policial ao público. Sem dúvida, foi um dos melhores trabalhos daquele ano. DAMN., quarto trabalho de estúdio, chega em um momento delicado da política dos Estados Unidos e com as pessoas esperando ainda mais de Lamar – o 'hype' antes, durante e depois do lançamento mostra isso.

"Blood" abre o disco já trazendo uma discussão importante: como a sociedade chegou ao ponto em que está atualmente? Mas, ao mesmo tempo, essa mensagem é passada junto com certa esperança de melhora no futuro, do entendimento de que o futuro não está nisso. "DNA" explora a cultura negra em uma faixa de batida simples e até antiquada nos tempos atuais do hip-hop, mas com um Kendrick Lamar muito inspirado nas rimas.

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A religiosidade já permeava as primeiras faixas, mas em "Yah" fica ainda mais clara ao citar o livro Deuteronômio, da Bíblia, diretamente. A crítica ao canal Fox News também está presente desde o início e só cresce nesta terceira faixa de andamento leve em que Lamar mostra como a religião também faz parte do universo em que vive, que dá força para superar as dificuldades que o fizeram um astro do hip-hop – história contada na boa "Element". Mas também há todo um lado tóxico da fama e da indústria musical, tratado em "Feel".

A participação de Rihanna não muda do fato de "Loyalty" não estar nem perto das melhores do álbum, apesar de não comprometer o andamento do trabalho. "Pride" mostra um lado mais humilde e menos grandioso do rapper, o que pode ser um recado para quem acha que ele precisa ostentar ou seguir alguns de seus contemporâneos nesse quesito – a letra é das mais bonitas já compostas por ele –, e "Humble" mostra como uma letra curta e direta pode falar muito mais que certos tratados intermináveis lançados por alguns rappers.

Lamar traz novamente como é difícil ser famoso em certos aspectos ("Lust") e fez uma balada sobre amor e relacionamentos ("Love") que, no fim, são apenas faixas medianas. Boa mesmo é "XXX", parceria com o U2. A faixa é uma das melhores do disco, atrás apenas das duas primeiras por conseguir colocar os irlandeses fazendo o que fizeram de melhor no início da carreira: discutir política e religião sem o discurso piegas do Bono no pacote. "Fear" é uma boa faixa que é a união de três histórias de momentos diferentes da vida de Lamar que, unidas, mostram como a vida do jovem negro nos Estados Unidos é difícil. A religiosidade retorna em "God", mais uma faixa apenas mediana, e o disco termina com o rapper contando mais uma história pessoal em "Duckworth".

Sinceramente, não entendi o 'hype' em cima do álbum. Não é um disco ruim, mas está longe de ser espetacular por estar abaixo dos outros três registros lançados por Lamar ao longo de sua carreira. Ele trata de refletir sobre o sucesso e como sua vida mudou em determinados aspectos ou não mudou. Vale ouvir para conhecer um pouco mais desse incrível personagem da atual cena do hip-hop.

Tracklist:

1 - "Blood"
2 - "DNA"
3 - "Yah"
4 - "Element"
5 - "Feel"
6 - "Loyalty" (featuring Rihanna)
7 - "Pride"
8 - "Humble"
9 - "Lust"
10 - "Love" (featuring Zacari)
11 - "XXX" (featuring U2)
12 - "Fear"
13 - "God"
14 - "Duckworth"

Nota: 3,5/5



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