Resenha: Vespas Mandarinas – Daqui pro Futuro


Banda virou duo para lançar novo álbum de estúdio

O Vespas Mandarinas surgiu como uma banda de quatro integrantes e o primeiro álbum, chamado Animal Nacional (2013), conseguiu chamar a atenção por ter canções com uma guitarra mais "suja" e uma boa versão de "Ya No Sé Qué Hacer Conmigo" – chamada "Não Sei o Que Fazer Comigo". De lá para cá, muita coisa mudou no mundo. E na banda também, agora transformada em um duo formado por Thadeu Meneghini e Chuck Hipolitho.

Daqui pro Futuro é o segundo disco deles e começa com a faixa título, uma balada composta por Samuel Rosa que soa muito uma sobra do Skank não aproveitada. É fraca e de apelo fácil para tocar na rádio. E sabemos que nenhum dos envolvidos aqui precisa disso, assim como é o caso de "Que Esse Dia Seja Meu". Não é o caso de fazer algo grandioso, épico e espetacular, mas também não precisa ser tão pobre para atingir um objetivo.

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"Fingir Que Não Dói" é um potencial hit por ser de fácil acesso e simples, mas também é só isso, enquanto "Só Pra Te Dizer" é uma balada muito ruim e bobinha – parece ter sido composta por uma banda adolescente para fazer parte da trilha sonora de 'Malhação'. "Carranca", uma balada acústica, é tão deslocada do trabalho que não dá para entender a presença dela no álbum, já "Fica Comigo" tem um falso ar de seriedade que não faria falta se não estivesse no registro.

A sequência de baladas ruins segue com "Cada um Sabe de Si", só que essa tem aquele tom épico desnecessário, quase soando uma paródia do Skank. Outra de bom potencial estragada por uma escolha fácil é "E Não Sobrou Ninguém". Em tempos esquisitos como os atuais, essa faixa seria um ótimo tapa na cara das pessoas. Uma pena ter sido estragada pelos gritinhos desnecessários e andamento simples e ruim. A despretensiosa "Lambe-Lambe" consegue, enfim, trazer um clima alto-astral buscado ao longo de quase meia hora de álbum.

"Expresso Nova" e "Inutensílios são outras preguiçosas e dificilmente estariam em um álbum que não quer atirar para todos os lados. "Desperté", do Café Tacvba, ganhou uma versão deprimente e infantil chamada "De Olhos Bem Fechados". De novo, essas três faixas soam gravações de uma banda adolescente iniciante, não de dois caras que estão na música há bastante tempo. "Só Se Vive uma Vez" soa um oásis em meio a um deserto de ideias ruins, má executadas ou ambos. Por fim, "Questão de Ordem" é mais uma em que o Skank poderia ter colocado em um disco - isso se faltasse uma música e não tivesse uma opção melhor, claro.

É muito ruim ver uma banda regredir como eles fizeram. Animal Nacional já não era lá essas coisas, agora a atual formação vem com essa patacoada em forma de disco. E a principal questão aqui não é eles quererem atingir um novo público – eles têm direito de fazer e escolher o caminho que bem desejarem para suas carreiras. Problema é saber fazê-lo, o que não é o caso aqui. É um álbum descartável para um Vespas Mandarinas de potencial, mas jogado no lixo por escolher o caminho mais fácil.

Tracklist:

1 - "Daqui Pro Futuro" (feat. Samuel Rosa)
2 - "Que Esse Dia Seja Meu"
3 - "Fingir Que Não Dói"
4 - "Só Pra Te Dizer"
5 - "Carranca"
6 - "Fica Comigo"
7 - "Cada um Sabe de Si"
8 - "E Não Sobrou Ninguém" (feat. Edgard Scandurra)
9 - "Lambe-Lambe"
10 - "Expresso Nova"
11 - "Inutensílios"
12 - "De Olhos Bem Fechados" (Desperté)
13 - "Só Se Vive uma Vez" (feat. Edgard Scandurra)
14 - "Questão de Ordem"

Nota: 1,5/5



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