Resenha: Metallica - Hardwired... to Self-Destruct


Banda ficou oito anos sem lançar um trabalho de inéditas

Desde o Black Album (1991), o Metallica lançou Load (1996), Reload (1997), St. Anger (2003) e Death Magnetic (2008). São quatro discos que, no mínimo, dividiram os fãs e críticos. Afinal, o que a banda queria dali em diante? Queriam mais um grande sucesso? Voltar às raízes? Explorar novas sonoridades? Era difícil entender os sentimentos e motivações de Lars Ulrich e James Hetfield. Ao atravessarmos mais de uma década, o anseio por um trabalho de inéditas só aumentou. Hardwired... to Self-Destruct, o décimo disco de estúdio, chega para preencher essa lacuna.

É impossível não reconhecer o Metallica nos primeiros segundos de "Hardwired". A pesada bateria de Ulrich abre os caminhos para a potência das guitarras de Hetfield e de Kirk Hammet e do baixo de Robert Trujillo. Mais curta de todo álbum, com pouco mais de três minutos de duração, essa faixa abre o trabalho já grudando o refrão na cabeça do ouvinte. E remete ao passado, é claro. Também apelando ao peso dos instrumentos para preencher espaço, "Atlas, Rise!" é uma interessante canção cheia de referências à mitologia grega.

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A história de uma pessoa que vê sua amada morrer e está pronto para ir junto: "Now That We're Dead" é uma das boas músicas desse disco, a destacar a parte instrumental na segunda metade – dessas construções musicais para se prestar atenção. Se "Moth Into Flame" é sobre fama, likes e ter sucesso a todo custo (algo muito Black Mirror), "Dream No More" traz o mito de Cthulhu aos ouvidos dos fãs. É possível falar que "Halo on Fire" é sobre a vida, e isso o Metallica sabe cantar como poucos.

Todas as canções o disco 1 tem uma coisa incomum: o volume dos instrumentos para estar mais alto do que nos trabalhos anteriores. Mais as letras trazendo temas interessantes, eles conseguiram que o ouvinte prestasse atenção na mensagem. E isso faz toda diferença. O disco 2 começa com a potente "Confusion", um retorno ao passado thrash metal sem passagem de volta para o futuro. "ManUNkind" soa uma reflexão do homem feita pelo próprio homem enquanto espera por alguma coisa – o solo de Hammet consegue ampliar esse momento e deixá-lo ainda mais denso.

O desejo de vingança aparece em "Here Comes Revenge", em que também é possível relembrar alguns dos bons momentos da banda no passado, mas a encantadora "Am I Savage?" não pode passar despercebida. Raivosa e lenta, soa um blues mais rápido, a descrição que Ozzy Osbourne usa para definir o som do Black Sabbath. "Murder One" é uma homenagem a Lemmy Kilmister (1945 – 2015) e acaba sendo uma das mais emocionantes do registro, que é encerrado com "Spit Out the Bone" - mais um thrash metal de boa qualidade.

Pode não parecer, mas o Metallica já está perto dos 40 anos de atividade. Com dezenas de milhões de fãs espalhados pelo mundo e com sucessos arrebatadores na carreiras, eles estão no panteão do rock e no direito de fazer o que quiserem. Por isso, não é surpreendente que esse novo álbum de estúdio seja uma auto-homenagem, um tributo a quem esteve com eles nessa trajetória toda. Não me surpreende que os fãs tenham gostado – a tudo que consagrou o Metallica está aqui. O esforço por fazer um disco é louvável, e eles entregam muito mais do que o esperado. Além de lenha para queimar musicalmente, a banda está disposta a agradar. Bom para quem gosta.

Tracklist:

Disco 1

1 - "Hardwired"
2 - "Atlas, Rise!"
3 - "Now That We're Dead"
4 - "Moth Into Flame"
5 - "Dream No More"
6 - "Halo on Fire"

Disco 2

1 - "Confusion"
2 - "ManUNkind"
3 - "Here Comes Revenge"
4 - "Am I Savage?"
5 - "Murder One"
6 - "Spit Out the Bone"

Nota: 3,5/5



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