Resenha: Alicia Keys – Here


Cantora mudou radicalmente sua visão de mundo, e isso é refletido no álbum

É impressionante a mudança que Alicia Keys passou em pouco mais de dois anos. De uma pessoa que deu chilique por conta de uma chapinha a alguém livre de qualquer estereótipo imposto a ela durante boa parte de sua carreira de sucesso, importante salientar isso. A cantora mostra essa nova cara em Here, o sexto trabalho em estúdio, que contou com vários produtores ao longo do processo de construção das 16 canções.

Keys é mais uma disposta a contar as várias histórias de violência sofrida pelos negros nos Estados Unidos nos últimos três anos, pelo menos. "The Beginning (Interlude)" abre o disco com uma mensagem muito clara sobre o assunto. "The Gospel" surge e mostra uma cantora agressiva nos versos, ampliando seu espectro musical ao incluir rimas com cara de hip-hop embaladas pelo piano. A seguinte, "Pawn It All", dá uma certeza: parece que o espírito de Nina Simone (1933 – 2003) baixou nela.

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Um depoimento da ativista pelo direitos civis Elaine Brown aparece para abrir "Kill Your Mama" (sobre o choro de uma mãe ao perder o filho), depois aparece "She Don't Really Care/1 Luv" (sobre a luta de mulheres por mais direitos ao redor do mundo) e segue até um novo interlúdio - a intenção pode ter sido ótima, mas um tão perto do outro quebra muito o ritmo da audição, e isso não é nada bom. No meio disso tudo, há espaço para as baladas um tanto fora de lugar "Illusion of Bliss" e "Blended Family (What You Do for Love)".

Sinceramente, não deu para entender essa mudança brusca de ritmo. A terceira balada seguida ("Work on It") deixa claro que Alicia Keys ainda não está preparada para entrar de cabeça em canções de protesto. São faixas muito genéricas e aquém do talento dela. Mas o trabalho ganha novo fôlego em "Girl Can't Be Herself" e o interessante trabalho em cima de uma base de reggae – isso depois de mais um interlúdio. "More Than We Know" também é uma balada, mas é muito melhor do que as outras. Agora façam o exercício: ficaria muito melhor sem aquelas e só com essa. "Where Do We Begin Now" até que funciona e a ótima e com cara de próximo single "Holy War" encerra o disco.

Uma pena que a quebra de ritmo no meio do álbum comprometa a audição. Sem as três baladas do meio, seria mais curto e um registro de alto nível. No entanto, há coisas muito interessantes por aqui nessa tentativa de virada na carreira de Alicia Keys. Só precisa corrigir essa ansiedade de colocar muitas músicas no disco para próximo que pode dar jogo.

Tracklist:

1 - "The Beginning (Interlude)"
2 - "The Gospel"
3 - "Pawn It All"
4 - "Elaine Brown (Interlude)"
5 - "Kill Your Mama"
6 - "She Don't Really Care/1 Luv"
7 - "Elevate (Interlude)"
8 - "Illusion of Bliss"
9 - "Blended Family (What You Do for Love)" (featuring ASAP Rocky)
10 - "Work on It"
11 - "Cocoa Butter (Cross & Pic Interlude)"
12 - "Girl Can't Be Herself"
13 - "You Glow (Interlude)"
14 - "More Than We Know"
15 - "Where Do We Begin Now"
16 - "Holy War"

Nota: 3/5



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