Resenha: Batushka – Litourgiya (2015)


Banda polonesa lançou disco ano passado

Por Giovanni Cabral

O black metal, em sua forma clássica, sempre buscou ser extremo de maneira ou outra. Abraçar o paganismo, o ocultismo e o satanismo foram formas de contrariar os valores tradicionais ligados ao cristianismo clássico. Essa contestação, aliada a uma forma de metal essencialmente crua, gerou um gênero vanguardista. E que tal se uma banda polonesa utilizasse cânticos bizantinos em suas músicas?

Apesar do Cult of Fire e do Death Karma terem utilizados cantos religiosos em composições extremas, o feito pelo Batushka em Litourgiya está em um nível consideravelmente avançado. Como a própria gravadora Witching Hour Productions descreveu no release: é um projeto polonês com músicos incógnitos que são bem conhecidos no país. Ou seja, todo o conceito e musicalidade foram muito bem pensados por pessoas que estão longe do amadorismo.

Como o título sugere, o álbum deve ser encarado como uma liturgia: ouvido do início ao fim, sem pausas. O motivo principal está em "Yekteniya 1", que fixa a atenção do ouvinte pela forma como é construída e gera a curiosidade para saber como as outras sete faixas serão desenvolvidas e se a proposta não ficará maçante. Você até pode procurar deslizes, mas as músicas soam muito uniformes, um equilíbrio perfeito entre os trechos doom e momentos black metal. Sinos sutis de igreja e cânticos ortodoxos, cantados no idioma eslavo, não são colocados ali de uma forma errônea. Tudo é bem genuíno e age como um acompanhamento perfeito para este ambiente inimitável.

Citar destaques é uma tarefa complicada, pois cada ouvinte provavelmente será cativado por uma faixa diferente. Esquecendo a homogeneidade sonora, posso citar os vocais limpos e guturais atacando paralelamente e uma tempestade instrumental que beira ao caos de "Yekteniya 3". Ela desemboca na quarta música, de estrutura simples, trabalhando em espiral para te prender até o fim. "Yekteniya 7" é uma peça que pode ser resumida como o puro êxtase bizantino, levando a exaustão através do seu intenso final. Estes desconhecidos poloneses encontraram o caminho para alcançarem a perfeição da blasfêmia esotérica.

Tracklist:

1 – “Yekteniya 1”
2 – “Yekteniya 2”
3 – “Yekteniya 3”
4 – “Yekteniya 4”
5 – “Yekteniya 5”
6 – “Yekteniya 6”
7 – “Yekteniya 7”
8 – “Yekteniya 8”

Nota: 4,5/5




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