Resenha: Kanye West – The Life of Pablo


Sucessor de Yeezus gerou muitos comentários antes, durante e depois de lançado

Kanye West começou a carreira muito bem com os ótimos The College Dropout (2004) e Late Registration (2005), mostrando um incrível potencial ao expor e tratar de assuntos do cotidiano de maneira direta e simples. Dois trabalhos bons depois, My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010) mostrou o auge do rapper. De potencial a grande nome do hip-hop, a impressão era que West não tinha limites quando o assunto era música.

E ele não tinha mesmo. Mas sua trajetória começou a ganhar ares de sensacionalismo quando, em um curto período de tempo, gravou um disco melomaníaco com Jay Z e interrompeu o discurso de Taylor Swift no VMA de 2009. A partir isso, tudo que o envolve ganha ares de polêmica – às vezes, de propósito; às vezes, não. Aquele rapper com potencial sumiu e deu lugar ao personagem que se acha Jesus em Yeezus (2013), um bom disco com muita soberba.

The Life of Pablo é o sétimo disco de estúdio de Kanye West, e o início gospel de "Ultralight Beam" mostra um cantor seguro e sem inventar coisas para chamar a atenção. "Father Stretch My Hands Pt. 1" traz um hip-hop mais romântico e emenda com "Father Stretch My Hands Pt. 2", essa é mais veloz e lembra o Kanye do início da carreira.

"Famous", faixa que critica Taylor Swift de forma aberta e sem censura, é ridiculamente ruim. Primeiro, pelo ataque desnecessário e cheio de raiva por uma coisa que ele causou ou alguém apontou uma arma para ele interromper do discurso da moça? Segundo, é aquele tipo de canção que soa um remix dela mesmo, algo nada atrativo. Uma crítica ao mundo das fofocas, "Feedback" é simples e funciona bem. O sampler de uma canção de Sandy Rivera fez de "Low Lights" uma das boas canções do disco, o mesmo não acontece com as descartáveis "Highlights" e "Freestyle 4". Mas o tapa com luva de pelica dado em "I Love Kanye", todas as críticas feitas a Kanye West faladas por ele mesmo, mostram que ele ainda tem um pouco daquela inventividade do início da carreira – só parar de bobagens e trabalhar.

Antigo nome do disco, "Waves" é bem interessante, e "FML" não passa de um choramingo sobre a difícil vida de ser Kanye, mas a seguinte, "Real Friends", funciona melhor no quesito ‘momento do disco para tratar de coisas pessoais’. A fraca "Wolves" abre para o interlúdio "Siiiiiiiiilver Surffffeeeeer Intermission", que emenda com "30 Hours", outro bom momento reflexivo do cantor.

Uma crítica pesada ao estilo de vida dos astros e estrelas em Los Angeles faz da parceria entre Kanye West e Kendrick Lamar em "No More Parties in LA" a melhor do disco – o que também não é muito difícil. A sonolenta "Facts (Charlie Heat Version)” e a desinteressante "Fade" fecham o disco.

Irregular, o novo trabalho do rapper não engrena como os outros e é possível cravar: é o primeiro disco dele que decepciona de maneira geral. Kanye West chegou a ser a esperança de ser algo diferente do hip-hop, hoje ele é só um cretino que quer atenção.

Tracklist:

1 - "Ultralight Beam" (featuring Chance the Rapper and Kirk Franklin)
2 - "Father Stretch My Hands Pt. 1" (featuring Kid Cudi)
3 - "Father Stretch My Hands Pt. 2" (featuring Desiigner)
4 - "Famous" (featuring Rihanna)
5 - "Feedback"
6 - "Low Lights"
7 - "Highlights" (featuring Young Thug)
8 - "Freestyle 4" (featuring Desiigner)
9 - "I Love Kanye"
10 - "Waves" (featuring Chris Brown)
11 - "FML" (featuring The Weeknd)
12 - "Real Friends" (featuring Ty Dolla Sign)
13 - "Wolves" (featuring Frank Ocean and Caroline Shaw)
14 - "Siiiiiiiiilver Surffffeeeeer Intermission"
15 - "30 Hours"
16 - "No More Parties in LA" (featuring Kendrick Lamar)
17 - "Facts (Charlie Heat Version)”
18 - "Fade" (featuring Post Malone and Ty Dolla $ign)

Nota: 2,5/5

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