Resenha: Manic Street Preachers – Futurology


Muita gente ainda não conhece o Manic Street Preachers e estranha o fato de a banda ser tão elogiada e falada por aí ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos. E se você não deu uma chance ao grupo, talvez Futurology seja a chance da redenção. Ou de redescoberta, caso você tenha deixado aquele exemplar de Lifeblood no fundo de sua coleção.

Ao abrir o 12º disco de estúdio da banda, “Futurology” parece ter uma missão: mostrar que é possível manter o interesse no Manic Street Preachers ao ouvir uma faixa que mistura bem elementos futurísticos (ah, vá!) e um pouco de pós-punk, um dos símbolos da virada dos anos 1970 à década seguinte. Mantendo essa ‘pegada’, "Walk Me To The Bridge" tem muito do pós-punk e muito do pop dos anos 1980, configurando um bom início de trabalho, que conta a história da ponte que liga a Suécia a Dinamarca e da experiência de ter a chance de ir a dois lugares diferentes por um único caminho.

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Mais oitentista do que nunca, "Let’s Go To War" tem os vocais de apoio mesclados e uma melodia que relembra muito Devo e seus semelhantes com um toque militar na segunda parte – a curta duração ajuda a dar o equilíbrio certo e não deve cansar o ouvinte. Em "The Next Jet To Leave Moscow", com ajuda de Cian Ciaran, temos um inspirado pop rock falando sobre… a URSS! Feliz 1980, amigos.

Se é inspirado em Krafwerk eu não sei, só sei que Nina Hoss e a ausência de elementos mais pesados colocam "Europa Geht Durch Mich" como uma das boas canções do ano. Explico: a banda está tão inspirada, que o refrão grudendo é o que chamam de cereja do bolo. Uma canção incrivelmente boa, superior à balada "Divine Youth", que conta com Georgia Ruth em um belo vocal.

"Sex, Power Love and Money" segue no modelo de repetir o que fez sucesso um dia, principalmente na letra que, mesmo estando em 2014, ainda serve para refletir em alguma coisa com um belo solo de guitarra. Uma faixa instrumental é sempre um perigo em um disco que está indo bem, porque pode quebrar o ritmo no meio do disco. Mas "Dreaming A City (Hughesovka)" é muito boa, acima de média por conseguir sacramentar o que há de melhor em Futurology.

Let us wipe the slate clean let us dig our own graves/ Let us choose our own wars and make our own mistakes/ Free yourselves from the tyranny of objects/ Purged of all colour the purest abstraction é só um trecho da letra pesada de “Black Square”, que também carrega na melodia esse peso de ser uma letra densa, enquanto "Between The Clock And The Bed" é romantismo puro.

A épica "Misguided Missile" está um tom abaixo das outras por ter um excesso de pop que as outras não têm, por exemplo. O mesmo se aplica para "The View From Stow Hill", uma balada rasa e sem graça – uma pena essa queda de nível logo na parte final. Mas tudo fica bem com a ótima "Mayakovsky" colocando ponto final no álbum.

Uma das boas coisas do Manic é que eles não pararam, por isso seguem fazendo música. Não é fácil seguir lançando álbuns nessa coisa maluca que virou esse mundo nos últimos 15, 20 anos, mas se eles sobreviveram a isso, podem sobreviver mais 20 anos. Que continuem, então.

Tracklist:

1 - “Futurology”
2 - "Walk Me To The Bridge"
3 - "Let’s Go To War"
4 - "The Next Jet To Leave Moscow" (feat. Cian Ciaran)
5 - "Europa Geht Durch Mich" (feat. Nina Hoss)
6 - "Divine Youth" (feat. Georgia Ruth)
7 - "Sex, Power Love and Money"
8 - "Dreaming A City (Hughesovka)"
9 - "Black Square"
10 - "Between The Clock And The Bed" (feat. Green Gartside)
11 - "Misguided Missile"
12 - "The View From Stow Hill"
13 - "Mayakovsky"

Nota: 4/5




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