Resenha: Pitty – SETEVIDAS


Parece que foi ontem que Pitty aparecia com Admirável Chip Novo, de 2004, primeiro disco da cantora baiana, responsável por colocá-la na trilha do sucesso que perdura até os dias de hoje. Após passar por muitas coisas na vida pessoal e gravar o projeto Agridoce, ela retoma a carreira solo cinco anos depois de Chiaroscuro.

A primeira faixa, chamada “Pouco”, começa muito pesada – tanto na letra, quanto na melodia. Isso mostra que SETEVIDAS já se apresenta como um disco confessional, algo que não esperava de Pitty a essa altura de sua carreira. Mas isso mostra que ela finalmente está pronta para dar mais do que letras bobinhas de seus primeiros trabalhos.

Os problemas pessoais da cantora acabaram sendo um dos pilares nas canções, e a guitarra em "Deixa Ela Entrar" também a deixa bem confessional e mantém o bom nível do início, enquanto "Pequena Morte" tem a bateria ditando todo ritmo em boa parte, deixando um tom bem sombrio.

Ei, meu bem, faz um favor/ Traz alguém que saiba de amor/ Sem o porém de um adestrador/ Pois nunca há de haver feitor aqui é o início de “Um Leão”, sendo impossível não prestar atenção na letra, que parece ser metáfora para alguma coisa (talvez nunca saberemos o que seja). "Lado de Lá" não merece comentários profundos, a não ser apenas um elogio: é belíssima. Escutem.

"Olho Calmo" não soa tão boa como as anteriores, mas, ainda assim, tem uma letra bem acima da média. Aumentando um pouco o volume, "Boca Aberta" é a mais fraca de todo disco e, em comparação com as outras, parece que faltou um pouco mais de capricho. Outra canção brasileira que remete às manifestações de junho de 2013, "A Massa" tem peso, mas peca por ter uma letra bobinha – parece que só os Titãs acertaram o tom ao tocar no assunto.

Voltando às letras confessionais, "Setevidas" é a que mais lembra a situação pessoal da cantora. E parece uma sessão de exorcismo, porque a cantora dá tudo de si no verso A postura é combativa/ Ainda tô aqui viva/ Um pouco mais triste/ Mas muito mais forte. Com maior duração de todas, "Serpente" explora o épico, usa de metáforas e fala em recomeçar. Um belo final.

A conclusão ao final de SETEVIDAS é que Pitty amadureceu muito nos últimos cinco, seis anos. Coloquem no bolo os problemas pessoais mais a proximidade dos 40 anos e teremos um disco muito acima do que ela fez nos últimos anos. Se os outros deram sucesso e reconhecimento, este álbum dará solidez para que ela e sua nova banda não tenham medo de dialogar com pessoas da mesma idade. Bem-vinda ao mundo dos adultos, Pitty.

Tracklist:

1 - "Pouco"
2 - "Deixa Ela Entrar"
3 - "Pequena Morte"
4 - "Um Leão"
5 - "Lado de Lá"
6 - "Olho Calmo"
7 - "Boca Aberta"
8 - "A Massa"
9 - "Setevidas"
10 - "Serpente"

Nota: 3,5/5



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