Cinco discos #5: Willie Nelson, Fin Del Mundo, Japandroids, Jerry Cantrell e MC5

Willie Nelson - “Last Leaf On The Tree”

Willie Nelson é uma entidade há muito tempo, consolidados ao longo de quase 60 anos de carreira e 76 álbuns de estúdio, contando o mais recente: “Last Leaf On The Tree”. Como alguns dos recentes, ele coloca duas canções inéditas e traz uma série de covers de artistas fora do country, como Beck (“Lost Cause”), Tom Waits (“Last Leaf”), Neil Young (“Are You Ready for the Country?”) e Flaming Lips (“Do You Realize??”). Aos 91 anos, ele segue mais na ativa do que nunca, com uma produção de dar inveja a qualquer artista de qualquer geração. O álbum não é sobre a música em si, mas a eternidade do repertório escolhido. E nisso ele foi certeiro, já que as escolhas foram certeiras mais uma vez.

Avaliação: ótimo

Fin Del Mundo - “Hicimos Crecer un Bosque”

Formada por quatro argentinas em 2019, todas com alguma experiência anterior em outras bandas, a Fin Del Mundo vem ganhando cada vez mais espaço pelo som inspirado no shoegaze, no Stereolab e outras bandas dos anos 1990. O som poder soar antigo — e soa mesmo —, mas elas têm uma poderosa mensagem atual sobre a força do rock feminino, cada vez mais uma realidade há meia década, pelo menos. O trabalho é exemplar, cheio de climas e grandes momentos instrumentais. Somos testemunhas da consolidação de uma ótima banda que merece atenção desde já.

Avaliação: ótimo


Japandroids - “Fate & Alcohol”

Recentemente, o Japandroids, formado por Brian King e David Prowse, anunciou o fim das atividades após quase 20 anos. Como último ato, eles lançaram “Fate & Alcohol”, quarto álbum de estúdio e primeiro trabalho de inéditas em sete anos. A força das guitarras continua ali, assim como as boas letras, mas parece faltar fôlego em determinados momentos. No fim das contas, é uma boa despedida para quem entregou tanto nos primeiros anos de carreira.

Avaliação: bom

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Jerry Cantrell - “I Want Blood”

Jerry Cantrell é um dos guitarristas mais menosprezados dos últimos 30 anos, porque raras pessoas pensam nele entre os melhores instrumentos em um pensamento rápido. Integrante do Alice Chains, ele é o famoso caso de quem ouviu uma vez e gostou, nunca mais deixou de ouvi-lo. Prova disso é a qualidade de “I Want Blood”, quarto álbum solo e sucessor de “Brighten”, de 2021. O cuidado nas harmonias mostra como ele precisa ser olhado com atenção por qualquer pessoa que gosta de música. Certamente é um dos melhores discos de rock do ano, sendo desses para ouvir do início ao fim várias vezes. Destaque para “Throw Me A Line”, a faixa-título e “It Comes”.

Avaliação: ótimo

MC5 - “Heavy Lifting”

Em março de 2022, Wayne Kramer anunciou o trabalho em um novo álbum do MC5, que viria ao mundo para encerrar o ciclo da banda. Infelizmente, Kramer morreu e não viu “Heavy Lifting” ganhar vida. Com participações especiais de Tom Morello, William DuVall e Slash, o disco esbanja sinceridade em canções simples, mas com toda força e potência que deixou a banda conhecida na primeira encarnação. Álbuns assim são complicados de julgar, porque são muito mais homenagens a pessoas e períodos do que um vislumbre futuro. Mas a história fica e a do MC5 é enorme ao conseguir ganhar um encerramento digno.

Avaliação: bom

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