Cinco discos #4: The Jesus Lizard, Godspeed You! Black Emperor, Ty Segall, Public Service Broadcasting e Fleshgod Apocalypse

The Jesus Lizard - “Rack” (Ipecac)

Entre idas e vindas, o Jesus Lizard está perto de completar 40 anos de estrada. E 26 anos após o lançamento de “Blue”, eles retornaram ao estúdio para gravar um novo disco de inéditas. “Rack” não soa velho ou cansado, como muitos dos veteranos da mesma idade. Ao contrário, a pausa fez bem e eles soam mais fortes e agressivos do que nunca em todos os aspectos das 11 faixas, sendo um verdadeiro privilégio acompanhá-los nesse retorno mais do que esperado pelos fãs.

Avaliação: muito bom

Godspeed You! Black Emperor - “No Title as of 13 February 2024 28,340 Dead” (Constellation)

Existem os artistas famosos, as bandas conhecidas, aquela galera estranha e o Godspeed You! Black Emperor. A banda canadense é um dos símbolos do “faça você mesmo” há 30 anos, sem fazer nenhum tipo de concessão para agradar quem quer que seja. E cada vez mais, eles vão além nos álbuns de estúdio, caso do mais recente. Melancólico, corajoso, reflexivo e com um quê de mistério, “No Title as of 13 February 2024 28,340 Dead” traz canções com quase 14 minutos de duração e mostra como abdicar da independência pelo sucesso está fora de questão.

Avaliação: muito bom

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Ty Segall - “Three Bells” (Drag City)

Não existe regras para a música de Ty Segall. Uma hora ele lança um álbum de lo-fi, outra hora é um eletro-acústico, outra hora ele explora novos elementos eletrônicos em batidas de ar pop e cheia de refrões, caso de “Three Bells” (lançado em janeiro que eu quase deixei passar!!!). Esse encontro de mais de uma hora com um dos melhores e mais criativos músicos independentes dos últimos anos é delicioso. Ele usa e abusa dos recursos sonoros em prol da música e o resultado é um dos melhores álbuns do ano. Não existe fronteiras para ele. E se existissem, Segall não as respeitaria. Bom para nós.

Avaliação: ótimo

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Public Service Broadcasting - “The Last Flight” (SO)

O Public Service Broadcasting é uma banda experimental que aposta em trabalhos temáticos. No novo álbum de estúdio, eles homenageiam Amelia Earhart, a primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico sozinha. Com ajuda de áudios originais de conversas e alguns colaboradores nos vocais e na narração, o trabalho é melancólico e bonito na medida certa para um trabalho cheio de sensibilidade. Destaque para a última faixa, "Howland", nome do lugar da última vez em que ela entrou em contato — ainda conta com um longo minuto de silêncio.

Avaliação: bom

Fleshgod Apocalypse - “Opera” (Nuclear Blast)

Fazer uma ópera-rock exige muito trabalho e disposição para escrever as letras e os arranjos. Em “Opera”, o Fleshgod Apocalypse alia o death metal com arranjos de cordas em um trabalho cheio de potência do início ao fim. O destaque vai para a parceria entre Francesco Paoli e Veronica Bordacchini nos vocais, uma combinação cheia de beleza e com a melancolia certa para potencializar os instrumentos.

Avaliação: bom

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