Crítica: MJ Lenderman - Manning Fireworks

Se você gosta de música alternativa, nomes como o da banda Wednesday, o músico Indigo de Souza e a cantora Waxahatchee são facilmente lembrados — se não gosta, o que tenho a ver? Em comum entre eles está o fato de MJ Lenderman ter sido integrante ou trabalhado junto em algum momento nos últimos anos. Carregando o fardo de estar na lista de melhores álbuns do ano da “Pitchfork” em 2022, o músico conseguiu um contrato definitivo com a gravadora ANTI- para o lançamento de “Manning Fireworks”, quarto álbum de estúdio.

Lenderman tem a indiscutível qualidade em conseguir escrever letras muito melódicas, que rapidamente entram na cabeça e são fáceis de cantar. Inspirado pelo country, a faixa-título e “Joker Lips” mesclam a simplicidade do acústico com um toque a mais nos instrumentos, uma mistura simples e muito efetiva para encantar o ouvinte nos primeiros seis minutos de trabalho.

Estou no BlueSky e no Instagram. Compre livros na Amazon e fortaleça o trabalho do blog! Confira a agenda de lançamentos.

Lentamente, ele vai experimentando um pouco mais e subindo mais o tom, com a presença da guitarra mais forte em “Rudolph”. Logo em seguida chega a grudenta “Wristwatch”, um dos grandes momentos da música pop do segundo semestre (“So you say I’ve got a funny face/ It makes me money/ So you say I’ve wasted my life away”). E “She's Leaving You” é outra ótima música, uma dessas que enxergo Taylor Swift cantando em um show com bastante tranquilidade.

A melancólica “Rip Torn”, com título em homenagem ao personagem do filme “MIB: Homens de Preto” traz Lenderman de volta ao country fpara falar sobre assistir ao longa e conversar sobre esse e outros assuntos, naquele papo entre duas pessoas que se gostam muito e, emendada com a bonitinha “You Don't Know the Shape I'm I”, casa em uma história de amor tristonha. Honestidade é a principal marca de “On My Knees”, um relato dos mais sinceros sobre um dia muito, muito ruim. E, para encerrar, a epopeia dos dez minutos de “Bark at the Moon” de letra curta e longa parte instrumental.

Veja também:
Crítica: David Gilmour - Luck and Strange
Crítica: Nada Surf - Moon Mirror
Cinco discos #3: Black Crowes, Iron & Wine, Melvins, Lenny Kravitz e Paul Weller
Crítica: Fontaines D.C. - Romance
Crítica: Nick Cave and the Bad Seeds - Wild God
Crítica: King Gizzard & the Lizard Wizard - Flight b741

É um desses álbuns muito bonitos do início ao fim, daquela beleza delicada que consegue colocar atenção nas letras. Com um pouco mais de peso aqui e ali, MJ Lenderman equilibra as histórias como se fosse um contador experiente e com muito a dizer em poucas palavras. Um álbum para um domingo de manhã de sol morno, uma xícara de café e um pão quente com manteiga recém passada.

Ficha técnica

Tracklist: 

1 - “Manning Fireworks”
2 - “Joker Lips”
3 - “Rudolph”
4 - “Wristwatch”
5 - “She's Leaving You”
6 - “Rip Torn”
7 - “You Don't Know the Shape I'm I”
8 - “On My Knees”
9 - “Bark at the Moon”

Gravadora: Anti-/ Epitaph
Produção: MJ Lenderman & Alex Farrar
Duração: 38min51

Avaliação: muito bom