Crítica: Ryan Adams - Star Sign

Ryan Adams passou por diversos problemas pessoais nos últimos anos, incluindo acusações de assédio e perseguição de mulheres nas redes sociais — das quais se desculpou posteriormente. A carreira dele não parou, com 13 discos nos últimos anos, incluindo três trabalhos de regravações ao estilo “1989”, lançado em 2015, na esteira do sucesso do trabalho de mesmo nome de Taylor Swift. E para começar 2024, ele disponibilizou quatro álbuns em 1º de janeiro, sendo o maior destaque para “Star Sign”.

Ainda mais maduro musicalmente e com letras ainda melhores, o novo trabalho de estúdio pode funcionar como uma espécie de marco na carreira, um reinício para alguém que ficou tanto tempo fora dos holofotes. O início com uma balada melancólica (“Self Defense”) em forma de desabafo pessoal mostra como será o tom disco logo nos primeiros minutos. A seguinte traz um refrão matador, desses dilacerantes com uma letra de cortar o coração (“Hey/ We’re not the only ones they lost anyway/ We’re not the only ones they lost anyway/ We’re not the only ones you lost anyway/ Anyway”).

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O estilo bardo contador de histórias permeia todo estilo do álbum, com arranjos muito simples para as canções em desabafos melancólicos, como “Darkness” e “Be Wrong”. Em “Shinin' through the Dark”, Adams traz uma balada country a parte das outras canções e uma tremenda canção romântica (“But these wheels turn fast/Thеse wheels turn bright/ Reflecting our love/ The moon goes shining/ Shining through the dark of the night/ Shining through the dark of the night”). Ainda no estilo, com uma pitada de Neil Young, “Tomorrow Never Comes” surge em declaração de amor profunda.

A parte final do álbum apresenta mais lado das baladas do músico, apontando um bom caminho para ele ao conseguir transitar entre o indie e o mainstream sem problemas. Se a faixa-título apresenta um ar misterioso, profundo e reflexivo, as duas últimas apresentam uma mescla de desabafo sobre uma decepção amorosa inesquecível (“I Lost My Place”) com uma canção ao melhor estilo Bruce Springsteen (“Stay Alive”) para contar uma história cheia de detalhes.

É difícil não passar os próximos meses do ano ouvindo “Star Sign” do início ao fim, de tão ótimo que é. Simples nos arranjos e potente nas letras, o novo disco de estúdio de Ryan Adams aposta em temáticas universais para conseguir entrar na vida das pessoas. É difícil não sair tocado da audição. E é ainda mais difícil parar de ouvir. Prever o futuro é sempre um exercício de análise e uma pitada de sorte, mas, tentando fazer isso agora, é difícil não imaginar o álbum entre os melhores de 2024.

Tracklist:

1 - “Self Defense”
2 - “So Lost”
3 - “Darkness”
4 - “Shinin' through the Dark”
5 - “Be Wrong”
6 - “Tomorrow Never Comes”
7 - “Speeding Car”
8 - “Star Sign”
9 - “I Lost My Place”
10 - “Stay Alive”

Avaliação: ótimo

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