Crítica: Lol Tolhurst, Budgie & Jacknife Lee - Los Angeles

Amigos desde 1979, quando estavam em turnê com The Cure e Siouxsie and the Banshees, Lol Tolhurst e Budgie iniciaram, em 2021, um podcast chamado "Curious Creatures" para contar as próprias histórias durante o período de incerteza da pandemia. Enquanto isso, trabalhavam em demos para um projeto, colocado em pausa no período.

Até que, um dia, Tolhurst foi até o produtor e vizinho Jacknife Lee para mostrar as canções inacabadas. Ele, prontamente, ofereceu o estúdio caseiro para dar início ao projeto, que ganhou corpo quando James Murphy, do LCD Soundsystem, se ofereceu para participar assim que soube desse trabalho. A partir dessa colaboração luxuosa, eles tiveram duas ideias: formar um trio simplesmente chamado Lol Tolhurst, Budgie & Jacknife Lee e pedir para algumas pessoas escreverem as letras. Assim, nasceu "Los Angeles", disco de estreia do projeto musical.

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"This Is What It Is (To Be Free)": o primeiro convidado é  Bobby Gillespie, do Primal Scream, que faz da faixa de abertura algo para ser ouvido com atenção. Os sintetizadores fazem o trabalho, mas, é claro, é na percussão que está o trunfo principal. 

"Los Angeles": a faixa-título é a primeira de duas participações de James Murphy no disco e ele faz o momento "LCD Soundsystem" com todos os elementos que consagraram a banda no início dos anos 2000. 

"Uh Oh": a percussão pesada domina a terceira canção do álbum, que também traz um lado mais sombrio com os efeitos e as participações de Arrow de Wilde e Mark Bowen. 

"Ghosted at Home": o clima da anterior é mantido na segunda de três participações de Gillespie no vocal. O refrão grudento é o que pega e segura a música do início ao fim. 

"Train with No Station": quem também entrou na dança foi The Edge, guitarrista do U2. Aqui, eles brincam com os efeitos eletrônicos em um momento dream pop cheio de energia. 

"Bodies": definitivamente, a sexta canção pode fazer parte de qualquer próximo filme dirigido por John Carpenter por ficar muito próxima dessa coisa do terror tão bem-feita pelo diretor também nas trilhas dos próprios longas. 

"Everything and Nothing": o lado experimental surge pela primeira vez no que soa uma boa sessão de improviso transformada em algo maior com o passar do tempo e pequenos ajustes. 

"Travel Channel" : com participação da banda Pan Amsterdam, o disco ganha um lado mais hip-hop com um vocal absurdamente forte e presente o tempo inteiro. 

"Country of the Blind": Gillespie retorna para um momento mais misterioso do álbum e de refrão cuidadosamente feito para ganhar uma faixa remix no futuro. 

"The Past (Being Eaten)" e "We Got to Move": a primeira é instrumental e serve de ponte para a segunda, essa mais dançante, mais new wave e mais grudenta. Caso as boates ainda existissem como nos anos 1980, seria um inevitável hit das pistas. 

"Noche Oscura": também com colaboração de The Edge, a penultima faixa soa uma versão mais moderna de "Blue Monday", do New Order, com o acréscimo da percussão e uma brincadeira com os efeitos na melhor do trabalho. 

"Skins": Murphy retorna para terminar o disco em uma nota agitada com uma percussão muito ativa e pronta para durar muito mais nas apresentações do que os cinco minutos da versão em estúdio.

A expectativa por um trabalho de estúdio de Lol Tolhurst, Budgie e Jacknife Lee era bem alta, principalmente entre o pessoal acima dos 40 anos, fãs das bandas das quais eles fizeram parte por muitos anos. Acaba que "Los Angeles" é um álbum sobre envelhecimento, perdas e também sobre como é possível sobreviver a tudo isso. Com convidados de luxo em canções variadas, o trio faz dessa estreia algo para ser guardado com carinho por quem ouviu.

Tracklist:

1 - "This Is What It Is (To Be Free)" (featuring Bobby Gillespie)
2 - "Los Angeles" (featuring James Murphy)
3 - "Uh Oh" (featuring Arrow de Wilde and Mark Bowen)
4 - "Ghosted at Home" (featuring Bobby Gillespie)
5 - "Train with No Station" (featuring the Edge)
6 - "Bodies" (featuring Lonnie Holley and Mary Lattimore)
7 - "Everything and Nothing"
8 - "Travel Channel" (featuring Pan Amsterdam)
9 - "Country of the Blind" (featuring Bobby Gillespie)
10 - "The Past (Being Eaten)"
11 - "We Got to Move" (featuring Isaac Brock)
12 - "Noche Oscura" (featuring the Edge)
13 - "Skins" (featuring James Murphy)

Avaliação: muito bom

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