Resenha: Twist, de Ron Mann (1992)

Documentário visto na programação do In-Edit Brasil, de 14 a 25 de junho, em São Paulo e no site oficial

O rock surgiu com força em meados dos anos 1950, deixando a juventude da época completamente enlouquecida. Pela primeira vez, as pessoas entre 11 e 21 anos tinham voz, ditavam regras, comportamentos, estilo e tudo mais que pudesse irritar os país e avós. Quando Buddy Rolly e Ritchie Valens morreram em um acidente de avião, Little Richard abandonou o rock, Elvis Presley foi para o exército e Jerry Lee Lewis era julgado por casar com uma prima de 13 anos, um novo ritmo chegou para fazer a cabeça da juventude: o twist.

O twist não era bem um gênero musical, mas um estilo de dança que dominou os salões e programas de TV e rádio por quase uma década, com diversos apresentadores cantores, bandas, coreógrafos e pessoas comuns sendo seguidos quase como deuses por estarem envolvidos de alguma maneira com isso. É essa história que o diretor Ron Mann conta no ótimo "Twist", documentário lançado pela primeira vez em 1992 e exibido no In-Edit Brasil desse ano dentro da programação Teen. 

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Em pouco mais de uma hora, o diretor conta com depoimentos importantíssimos de quem esteve na hora certa e no lugar certo para fazer história no programa American Bandstand, fundamental para mostrar para os Estados Unidos o que era o twist e como se dançava de maneira correta. Vários casais falam, inclusive um deles admite ter roubado a dança de um grupo de afroamericanos, os verdadeiros inventores do estilo.

Ao longo do final dos anos 1950, a dança foi sendo aprimorada e chegou ao auge no início da década seguinte quando Chubby Checker lançou o cover de "The Twist", de Hank Ballard & The Midnighters, em 1960. Se antes a faixa fez um sucesso moderado, explodiu com Checker ao chegar no primeiro lugar da parada americana - Ballard, aos risos, celebra o feito do colega. E ele repetiu o sucesso dois anos depois com "Let's Twist Again".

Mas como tudo nas artes, o sucesso de algo sempre vem com uma série de imitadores baratos. Sem a mesma repercussão e cada vez mais ridícula, a dança coreografada foi morrendo e virou um estilo mais livre, enquanto a música passava por imensas transformações com as chegadas de Bob Dylan e Beatles nas paradas. Definitivamente, os anos 1960 não foram mais os mesmos.

Com uma ajuda primorosa de quem estava lá, inclusive reencenando algumas das danças, "Twist" mostra como qualquer assunto na música tem potencial para ser um ótimo documentário. Basta ter o diretor certo e uma boa edição para transformar algo muito simples em um material de primeiro nível.

Avaliação: ótimo