Resenha: Hot Club de Montevideo, de Maximiliano Contenti

Documentário visto na programação do É Tudo Verdade, de 13 a 23 de abril, em São Paulo e no Rio de Janeiro

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O jazz é um gênero de amor e ódio. Quem odeia, odeia mesmo. E quem ama diz ser a melhor coisa do mundo. Um dia, em 16 de março de 1950, dois músicos se conheceram em Montevidéu, no Uruguai, e abriram um clube de jazz. Eles não sabiam, mas entraram para história da música da América Latina.

Dirigido por Maximiliano Contenti, filho de um dos frequentadores, "Hot Club de Montevideo" conta a história do local de mesmo nome que abrigou, ao longo de 70 anos, os nomes mais importantes do jazz uruguaio. Horácio "Bocho" Pinto e Francisco "Paco" Mañosa, quando abriram o clube, tinham apenas um objetivo: criar um lugar para ouvir jazz - e apenas jazz. 

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O longa usa uma estrutura muito simples e conta com depoimentos de músicos ainda vivos que estiveram lá e foram testemunhas dos acontecimentos. Com a pandemia de COVID-19, as filmagens aconteceram em diversos momentos em três países diferentes e levou oito anos para ser lançado - aliás, é justamente nos momentos finais, em uma das primeiras gravações, que podemos ver a grande inspiração para fazer o trabalho.

Apesar dos percalços e da morte de alguns dos entrevistados ao longo dos anos, o documentário consegue reunir alguns dos principais nomes do jazz uruguaio para contar histórias deliciosas dos encontros entre eles, como cada um foi fazendo parte daquela comunidade pequena, muito unida e talentosa, e como eles superaram as dificuldades para manter vivo o sonho de fazer o que mais amam em qualquer lugar, momento em que Hot Club de Montevideo deixa de ser um prédio para virar uma ideia, um pensamento, algo para se agarrar nas horas mais difíceis.

"Hot Club de Montevideo" não será o melhor documentário do ano e talvez interesse a sete pessoas no máximo, mas os 84 minutos mostram como é possível contar uma história de maneira simples para mostrar às novas gerações como as coisas aconteciam quando tudo que havia era uma ideia na cabeça e vontade de fazer boa música.

Avaliação: bom

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