Resenha: Louder Than You Think, de Jed I. Rosenberg

Documentário visto na programação do In-Edit Brasil, de 14 a 25 de junho, em São Paulo e no site oficial 

Uma banda ou artista definir o som de uma geração é algo normal na música e sempre aconteceu. No final dos anos 1980 e início da década seguinte, quem teve esse papel fundamental na formação e inspiração para várias bandas nos anos seguintes foi o Pavement. E um dos artificies da sonoridade da banda foi o baterista Gary Young, personagem principal do documentário "Louder Than You Think", presente na programação da 15ª edição do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais.

Young é uma dessas pessoas que entrou nos anos 1980 com poucas pretensões na música. Perto dos 40 anos e com um estúdio caseiro de dar inveja, ele conseguia o suficiente para sobreviver. Até que, um dia, dois jovens garotos o procuraram para gravar o primeiro EP da carreira. Esses rapazes eram Stephen Malkmus e Scott Kannberg, os pilares do Pavement. Com pena deles, Young resolveu gravar a bateria para dar uma encorpada na sonoridade. E acabou por definir o que seria o som lo-fi. 

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Jed I. Rosenberg aposta em uma edição esperta, com marionetes reencenando alguns dos momentos da época de Young na banda, para contar essa história de puro rock 'n' roll em uma banda que não tinha nada disso. Enquanto Young queria se mostrar ao público o máximo que podia, o resto da banda mantinha uma relação distante e focada na música.

O baterista vinha de uma geração completamente diferente, sendo 20 anos mais velho do que os outros integrantes. Basicamente, era um hippie hiperativo com sérios problemas com álcool e drogas. Claro que esse contraste não funcionaria por muito tempo, mas acabou sendo fundamental para a sonoridade dos álbuns clássicos do Pavement e é reverenciado pelos fãs até hoje pela importância.

Em uma briga por dinheiro, que os integrantes da banda até hoje alegam não terem na época, Young deixou o grupo e acabou apostando em uma curta e interessante carreira solo que não durou muito - os problemas eram demais para todos. Por azar, pouco tempo depois, a banda explodiu e passou a ganhar muito mais do que ele poderia imaginar. Hoje, aos 70 anos, sofre com escoliose, dores constantes e, diferentemente do que a Wikipedia conta, segue bebendo todos os dias e fumando maconha.

Com depoimento dos integrantes do Pavement, amigos, da mulher, do fundador da gravadora Matador e do próprio Young, vemos como o destino ou falta de sorte - chame como quiser - pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. O longa joga luz em um desses heróis anônimos da música independente; um herói que não se arrepende de nada.

Avaliação: muito bom

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