Resenha: Arlo Parks - My Soft Machine

O 'hype' em cima de Arlo Parks é real. Artista revelação em 2021 e dona do ótimo "Collapsed in Sunbeams", lançado no mesmo ano, ela vem crescendo gradualmente na carreira com um bom repertório e um carisma acima da média - basta olhar as entrevistas da passagem dela pelo Brasil recentemente.

Ainda parte da gravadora independente Transgressive, agora Parks contou com um orçamento maior e mais gente trabalhando na produção das músicas - entre eles, Paul Epworth, famoso colaborador de Adele - em "My Soft Machine", segundo álbum de estúdio de uma curta e já importante carreira.

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O trabalho aborda com um misto de clareza e delicadeza os problemas da cantora e traz uma série de reflexões sobre isso. A abertura com "Bruiseless" apresenta logo de cara as dores do crescimento, algo muito diferente para cada um de nós. Na sequência, a batida de "Impurities" coloca Parks, no meio de todo esse caos emocional, tentando se divertir um pouco.

"Devotion" chega com a guitarra bem alta e um refrão bem grudento, uma tentativa de soar mais pesada, apesar de uma falta de energia aparente. Outra tentativa é "Blades", essa mais dançante que, como anterior, carece por algo. Essa sequência de duas faixas tem o problema de soar excessivamente produzidas e acabam tirando um pouco da espontaneidade da cantora, algo tão presente na estreia.

O trabalho ganha muito com "Purple Phase", uma canção etérea e feita de maneira improvisada no estúdio, apostando em quê? Isso mesmo na liberdade de Arlo Parks em criar algo do zero, sendo apenas acompanhada pela guitarra de Epworth. E tudo ganha tração quando surge "Weightless" para falar de migalhas de afeto de um jeito bem pop com uma ótima batida.

Com Phoebe Bridgers no vocal de apoio e na guitarra, "Pegasus" faz dessa parceria algo a ser observado em um futuro próximo, porque as duas casaram muito bem em uma faixa muito delicada e uma das melhores da carreira de Parks, que mantém o embalo em "Dog Rose", com um belo riff de guitarra, e em "Puppy", essa a mais experimental de todo álbum.

"I'm Sorry" abre a parte final, e Parks tem razão em gostar dessa canção porque, novamente, a espontaneidade domina e a faz soar melhor do que em boa parte do álbum, que encerra com "Room (Red Wings)" e "Ghost".

Burocrático em vários momentos, "My Soft Machine" tem o excesso de produção como o principal defeito. E, veja bem, não é um disco horrível e cheio de problemas, mas Arlo Parks perde muito ao refinar muito as gravações. O miolo do álbum funciona muito bem, mas o resto deixa muito a desejar e não faz jus ao talento dela.

Tracklist:

1 - "Bruiseless"
2 - "Impurities"
3 - "Devotion"
4 - "Blades"
5 - "Purple Phase"
6 - "Weightless"
7 - "Pegasus" (featuring Phoebe Bridgers)
8 - "Dog Rose"
9 - "Puppy"
10 - "I'm Sorry"
11 - "Room (Red Wings)"
12 - "Ghost"

Avaliação: bom

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