Resenha: Zappa, de Alex Winter (2020)


Documentário visto na edição deste ano
do festival É Tudo Verdade, realizado entre os dias 8 e 18 de abril

Existem muitos jeitos de contar uma história em um documentário e um dos melhores é deixar o próprio biografado fazer o serviço. Apoiado nos arquivos deixados por Frank Zappa (1940-1993), de músicas até entrevistas, o diretor Alex Winter faz do icônico músico o narrador da própria história ao longo de pouco mais de duas horas.

Zappa é um dos personagens mais marcantes da história da música do século XX. Imparável em vários sentidos, ele trabalhou em discos, músicas, canções e projetos com tanto afinco que criou um acervo gigantesco de material, muitas coisas ainda inéditas quase 30 anos após a morte. Como tudo tem um começo, a vida dele era relativamente simples até conhecer um amigo que o apresentou aos primeiros álbuns.

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A cabeça do então jovem Zappa virou mesmo quando teve contato com a obra de Edgar Varèse (1883-1965), um dos compositores experimentais mais importantes da primeira metade do século XX. Disso, ele partiu para experimentar, jamais ficar parado e sempre desenvolver uma ideia, ainda que fosse para guardá-la em algum baú para tirá-la no momento mais oportuno.

O documentário, também com ajuda de depoimentos de pessoas próximas e que trabalharam com Zappa, passeia pela história quase do mesmo jeito em que o músico faria nas respectivas fases musicais. É justamente por ouvir a música que fica mais fácil entender quem era o homem e os problemas de saúde, financeiros e familiares. E muita gente pode ficar surpresa em saber que ele não era um hippie maluco e drogado. Winter faz um bom serviço na montagem ao explorar cada assunto na medida certa -- do fracasso em projetos musicais em que gastou quase o dinheiro de uma vida até o sucesso espontâneo de uma canção gravada com a filha.

Frank Zappa era um apaixonado por música, e isso se refletiu na distante Tchecoslováquia, onde garotos fizeram da música dele, proibida pelo regime soviético, um hino de sobrevivência para suportar os dias difíceis. Quando ele foi até lá, teve honras de chefe de Estado. Esse amor é refletido entre os fãs mais ilustres que o reverenciam até hoje.

"Zappa" ajuda a entender um pouco a cabeça de uma das pessoas mais trabalhadoras da música e também mostra como ele gostaria de ter sido levado um pouco mais a sério ainda em vida, principalmente com os trabalhos com orquestras e bonitos arranjos. O legado dele é imenso e o documentário é um bom caminho para quem deseja conhecê-lo mais.

Avaliação: ótimo

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