Qualquer personagem fascinante merece uma cinebiografia de respeito para contar, ainda que em parte, sua história. Em "Mank", novo filme de David Fincher, podemos conhecer um pouco da índole e do processo criativo de Herman J. Mankiewicz, roteirista responsável por "Cidadão Kane", a maior obra-prima da história do cinema.
Entre voltas ao passado para entendermos como ele chegou ali, os problemas do presente e sem saber que será do futuro, ele passa uma parte considerável do filme de cama após sofrer um grave acidente de carro. Deitado, ele dita o roteiro para uma assistente. Tudo baseado na vida de pessoas que conheceu ao longo dos anos -- aliás, é uma ótima pedida assistir "Cidadão Kane" depois de "Mank".
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Para embalar a história, a trilha sonora do filme foi composta por Trent Reznor e Atticus Ross, que já trabalharam com o diretor em "A Rede Social" e ganharam o Oscar em Melhor Trilha Sonora. Pelo histórico do trio, a expectativa pelos temas instrumentais era algo mais soturno e cheio de nuances que só eles conseguiram dar. Mas não é feito. E é aí que está o fator surpresa.
"Mank" é todo em preto e branco e reproduz com bastante fidelidade os filmes dos anos 1940 em todos os aspectos. Então, uma trilha como eles estão habituados a fazer não caberia, certo? A dupla acaba surpreendendo ao também apostar na sonoridade dos filmes da época. É inacreditável o trabalho feito em pouco mais de 90 minutos ao conseguir fazer algo que não combina em nada com eles.
Do uso dos instrumentos clássicos até as melodias e arranjos, Reznor e Ross surpreendem a cada minuto de audição. Esperava qualquer coisa deles, menos fazer o simples e óbvio. Tem hora em que fazer o simples é muito complicado para muita gente, sendo muito mais fácil enfeitar e fazer coisas grotescas para esconder a própria incompetência. Eles estão há muito tempo nisso e, dá para afirmar com bastante tranquilidade, que é um dos melhores trabalhos da dupla em trilhas.
A trilha sonora de "Mank" ajuda a colocar o expectador ainda mais na época em que se passa a história. Quem ama cinema e trilhas daquela época, sabe bem o quão fértil e importante foi aquele período para o desenvolvimento de muita coisa conhecida hoje. Trent Reznor e Atticus Ross acabam homenageando os grandes compositores clássicos. E se não fosse por "Soul", aparentemente o arrasa-quarteirão da temporada de premiações, certamente "Mank" seria o grande favorito para levar o Oscar em Trilha Sonora.
Avaliação: ótimo
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