Resenha: BaianaSystem - Navio Pirata


Se existe alguma banda mais legal com um show tão incrível como o do BaianaSystem, por favor, me apresentem porque não conheço. A experiência de fazer parte dessa catarse coletiva é dessas coisas de lavar a alma em qualquer dia ou hora do ano. E é por isso que a pandemia merece ser xingada por várias e várias gerações por impedir esse momento justamente no carnaval, uma das melhores épocas do ano -- seja para pular e brincar para quem gosta; seja para descansar para quem não gosta.

Indo além da tradição em lançar músicas e/ou álbuns no carnaval, o grupo anunciou um projeto chamado "OxeAxeExu", dividido em três EPs com lançamentos agendados entre meados de fevereiro e final de março. O primeiro deles é "Navio Pirata", disponibilizado no então primeiro dia de carnaval no Brasil. Ao abrir o álbum com "Reza Forte" e a participação de BNegão, é muito bom ouvir uma música inédita do BaianaSystem em que é possível ouvir todo um Brasil na letra.

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As referências da música africana são cada vez mais claras nessa busca para entender melhor as origens musicais do Brasil e como o ritmo que veio do outro lado do mundo foi fundamental na construção da nossa própria música. E não só isso, mas o quesito religioso também é importante para entender isso. A música é algo muito presente nas religiões católica e afro-brasileiras, sendo fundamental em muitos dos rituais em algumas datas importantes.

Nomes importantes do singeli music, muito popular na Tanzânia, Makavelli e Jaymitta abrilhantam "Nauliza". É incrível como a música eletrônica entrou fundo na vida dos jovens africanos, que aproveitaram para misturar com as canções e ritmos das raízes de seus respectivos países para criar algo único e cheio de energia. Depois vem a animada "Catraca" e a balada "O Que Não Me Destrói Me Fortalece" -- aliás, gostaria muito de saber por que raios a Céu começou a cantar desse jeito estranho?

A parte final do álbum abre espaço para os ritmos latinos, algo também muito presente na música feita pelo BaianaSystem. Primeiro vem "Monopólio", um protesto contra os governos que privatizaram importantes coisas públicas, e "Chapéu Panamá" mostra como o reggaeton pode, sim, ser misturado com a música feita aqui. Dá jogo.

Um disco do BaianaSystem sem o carnaval é como ter algo pela metade. Falta algo, sabe? Baianasystem e carnaval são quase a mesma coisa.

Tracklist:

1 - "Reza Forte" (feat. BNegão)
2 - "Raminho"
3 - "Nauliza" (feat. Makavelli e Jaymitta)
4 - "Catraca"
5 - "O Que Não Me Destrói Me Fortalece" (feat. Céu)
6 - "Monopólio"
7 - "Chapéu Panamá"

Avaliação: ótimo

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