Resenha: Kurt Cobain – Montage of Heck: The Home Recordings


O documentário Montage of Heck chamou a atenção do mundo da música em 2015 ao desnudar vida e carreira do líder do Nirvana, morto em 1994. Duas décadas depois, o mito de sua obra ainda reverbera com força entre as velhas e novas gerações, criando uma espécie de lenda que ele próprio refutou em ser enquanto estava vivo.

Partindo do princípio que Montage of Heck: The Home Recordings é chamado de primeiro disco solo do cantor, soltar um trabalho com algumas canções demo já parece errado antes mesmo de ouvir. Uma coisa é colocar no mercado uma série de gravações de Cobain chamá-la de disco, outra é anunciá-lo como extra do DVD do documentário ou até mesmo vendê-lo pelo apelo histórico e complemento de uma vida que parou aos 27 anos. A gravadora e o espólio usaram o caminho de disco solo, o que soa um erro tremendo.

Um disco deve ser uma peça trabalhada. Um exemplo de como não se fazer um disco solo é Michael (2010), um álbum patético póstumo de Michael Jackson colocado às pressas no mercado para lucrarem em cima da morte do cantor um ano antes. Melhor trabalhado, produzido e vendido, Xscape (2014) engana melhor, apesar de também ser outro caça-níquel da família Jackson. Esse primeiro trabalho solo de Cobain cabe muito bem no primeiro exemplo.

Enfiar várias canções demo e vender como disco pode até soar esperto e pegar aquele fã mais desavisado, mas não tem como achar que isso é um álbum bom. Porque não é. Há bandas que fazem um som mais cru e melhor do que isso – colocar uma faixa chamada "Reverb Experiment" soa como algo para preencher o tempo do disco, por exemplo.

A ideia de um disco solo de Cobain já soa bem absurda, porque ele colocou suas melhores ideias no Nirvana. Trabalhar com possibilidades, desde uma breve separação da banda até o fim, soa pura especulação para alimentar algo que não aconteceu e nunca acontecerá: uma carreira solo do vocalista. E vender esse Montage of Heck: The Home Recordings como um disco solo (bem ruim, diga-se) é patético, no mínimo. Como peça histórica, sem dúvida é bom essas gravações ganharem vida; como disco solo, não deveria ter saído do papel.

Tracklist:

1 - "The Yodel Song"
2 - "Been a Son" (demo)
3 - "The Happy Guitar"
4 - "Clean Up Before She Comes" (demo)
5 - "Reverb Experiment"
6 - "You Can't Change Me / Burn My Britches / Something in the Way" (demo)
7 - "Scoff" (demo)
8 - "Desire"
9 - "And I Love Her" (Lennon–McCartney)
10 - "Sappy" (demo)
11 - "Letters to Frances"
12 - "Frances Farmer Will Have Her Revenge on Seattle" (demo)
13 - "She Only Lies"

Nota: 1/5



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