St Germain é o nome artístico do músico francês Ludovic Navarre. Antes conhecido apenas como DJ, ele se aventurou no mundo das misturas musicais em 1995, quando colocou no mercado Boulevard, seu primeiro trabalho. Ao atingir um milhão de cópias vendidas no mundo, sua música, um pouco estranha para quem não curte muita coisa diferente junta, atingiu um público amplo - totalmente fora do conceito do DJ comum.
No álbum lançado há alguns dias, que leva seu nome, ele foi mais ousado: além do acid jazz, nu-jazz, deep house e dub, ele inseriu elementos da música africana em muitas das oito canções presentes. "Real Blues", faixa inicial, dá bem o tom dessa mistura mais do que interessante, necessária. Tem de tudo nela. Tem guitarra, tambor, eco, reverb, efeitos e instrumentos variados... Uma mistura difícil de ouvir no início, mas deliciosa quando tudo se encaixa na nossa cabeça.
Tudo isso falado antes fica ainda mais claro na ótima "Sittin' Here", uma canção mais leve, quase um jazz, e cheia de elementos curiosos para algo do tipo. Por exemplo, a guitarra cheia de suingue com uma batida eletrônica. Se as outras tinham algum vestígio de vocal, na primeira a participação é da lenda do jazz Lightnin' Hopkins (1912 - 1982), "Hanky-Panky" é quase religiosa de tão bonita e introspectiva que é.
"Voilà" tem o acompanhamento de uma voz feminina muito bonita (não achei quem é, mas o post será atualizado quando eu achar) e um andamento muito comum na música africana. Maior canção em duração de todo álbum, "Family Tree" parece ser duas canções em uma. Primeiro, começa como sendo uma continuação da anterior, depois, mais ou menos na metade, ela ganha tons de jazz pela presença e destaque do saxofone e do piano, dando ao ouvinte a chance de apreciar essa ótima mistura na melhor do disco.
"How Dare You" é o momento de maior acentuação de todos os ritmos propostos por St Germain, principalmente na parte instrumental que parece haver uma banda com dez, 12 pessoas envolvidas, enquanto "Mary L." é mais tranquila e encaminha bem o ouvinte para última canção do disco. "Forget Me Not" encerra com forte influência indiana e coloca St Germain entre as pessoas mais interessantes para se ouvir quando o assunto é mistura musical, porque não deve ser fácil organizar tudo isso sem ficar preocupado com os excessos. No caso, 15 anos depois de seu último trabalho, ele ainda consegue ser relevante nesse aspecto.
Tracklist:
1 - "Real Blues"
2 - "Sittin' Here"
3 - "Hanky-Panky"
4 - "Voilà"
5 - "Family Tree"
6 - "How Dare You"
7 - "Mary L."
8 - "Forget Me Not"
Nota: 4/5
Veja também:
Resenha: Tiken Jah Fakoly – Racines
Resenha: Juçara Marçal & Cadu Tenório – Anganga
Resenha: Bárbara Eugenia – Frou Frou
Resenha: John Scofield – Past Present
Resenha: Black Alien – No Princípio Era o Verbo - Babylon by Gus, Vol. II
Resenha: Aldo, The Band – Giant Flea
Resenha: Prince – Hit N Run Phase One
Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! Isso ajuda pra caramba o blog a crescer e ter a chance de produzir mais coisas bacanas.
Follow @fagnermorais