Resenha: Public Enemy – Man Plans God Laughs


Difícil não ficar ansioso por um disco do Public Enemy, ainda mais de um grupo com uma história tão rica no hip-hop. Formado no início dos anos 1980, o grupo foi colocado no Hall da Fama do Rock recentemente, mostrando que suas letras e músicas fortes não tocaram apenas um gênero, mas toda uma sociedade que ainda enfrenta problemas nos direitos civis.

Man Plans God Laughs é o 13º disco deles e, por incrível que pareça, chegou ao mercado sem alarde e sem pompa alguma. Mas é possível ouvir em "No Sympathy from the Devil" que eles não perderam a língua afiada e são os únicos que trazem alguma coisa dos anos 1990, principalmente a velocidade das rimas e a batida. A letra é pesada e, claro, toca em questões a serem discutidas.

O que chama atenção na segunda faixa, "Me to We", é o refrão We the people can we get together?/Hell yeah/Can we get together we the people?/Oh yeah/See the people are they free and equal?/Hell no/Can we get from me to we my people?/We don’t know, já na faixa-título soa como uma obrigação de quem está na luta hoje incentivar os jovens a fazer o mesmo.

"Give Peace a Damn" pede paz na segunda maior canção em duração do álbum, incríveis pouco mais de três minutos. A parte instrumental dela é muito boa, assim como a de "Those Who Know, Know Who", que peca pela letra curta e por não explorado melhor a oportunidade de falar mais. "Honky Talk Rules" traz um sampler de “Honky Tonky Blues”, de Hank Williams, mas ficou popular pelo Rolling Stones. A cantora Sheila Brody faz uma ótima participação na melhor canção de todo disco – usar uma música conhecida para uma crítica foi uma ideia brilhante.

Assim como Emicida fez em seu disco mais recente, o Public Enemy também cantou sobre a África em 2015: "Mine Again" é um relato triste sobre a realidade dos negros a partir do momento em que foram escravizados, mas, de novo, poderiam ter feito algo melhor elaborado com a letra (apenas pouco mais de dois minutos). Show de velocidade de Chuck D e Flavor Flav é o que compensa em "Lost in Space Music", porque o resto... Não.

O trabalho encerra com "Corplantationopoly", "Earthizen" e "Praise the Loud", três homenagens ao hip-hop feito nos anos 1990. Sem delongas, Public Enemy fez um trabalho como uma linha reta em Man Plans God Laughs. Sem espaço para muita coisa, as letras são jogadas ao ouvinte em 27 minutos. Não é um álbum ruim, mas está muito longe do melhor da forma deles.

Tracklist:

1 - "No Sympathy from the Devil"
2 - "Me to We"
3 - "Man Plans God Laughs"
4 - "Give Peace a Damn"
5 - "Those Who Know, Know Who"
6 - "Honky Talk Rules"
7 - "Mine Again"
8 - "Lost in Space Music"
9 - "Corplantationopoly"
10 - "Earthizen"
11 - "Praise the Loud"

Nota: 3/5


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