Resenha: Panda Bear - Panda Bear Meets the Grim Reaper


Projeto solo de Noah Benjamin Lennox, um dos fundadores do Animal Collective, o Panda Bear trabalha muito com o experimentalismo, psicodelia e música eletrônica em seus cinco discos lançados até aqui. Aliás, uma das coisas que ele mais fez com esse trabalho foi lançar singles (oito ao todo) e um EP, além dos álbuns de estúdio.

O título do novo disco, Panda Bear Meets the Grim Reaper, é uma pequena prévia das faixas - o Grim Reaper nada mais é que a Morte personificada em uma caveira com um ceifo. Então, de cara, é possível prever que é um trabalho pesado e que pretende discutir vida, morte e individualismo.

A sombria "Sequential Circuits" abre o disco com uma espécie de ritual ou algo do tipo e é possível perceber que a influência do rock psicodélico ainda sobrevive em alguns músicos atuais. A distorção do vocal, o uso de elementos não naturais em uma canção, a criação de um clima muito específico para fazer o ouvinte entrar fazer uma imersão dentro do álbum... Tudo isso para deve prender atenção de quem der play.

"Mr Noah" começa como uma trilha de filme ou jogo de terror, mas logo se transforma em algo dançante e cheio de energia, enquanto a instrumental "Davy Jones' Locker", certamente inspirada na história de Davy Jones, é cheia de nuances e funciona como introdução para "Crosswords" – ela parece alguma coisa feita pelo Hot Chip com mais peso, mais carregada na letra e na influência do som.

"Butcher Baker Candlestick Maker" leva o nome de um dos maiores seriais killers de todos os tempos, que matou 17 mulheres e pegou 461 anos de prisão. Se a história do cara é sombria, a canção soa dançante, mas, assim como as anteriores, é bem carregada na letra. Quase na metade o trabalho, "Boys Latin" é outra que cria um tipo de imersão que o ouvinte tende a ter uma curiosidade de ouvir até o final.

A mistura entre psicodélico e eletrônico fica evidente em "Come to Your Senses". Com seus mais de sete minutos, ela mostra que a união desse gênero com um subgênero está mais forte e viva do que nunca esteve, enquanto "Tropic of Cancer" parece levar o ouvinte ao céu com sua melodia angelical – também é nome de um livro de Henry Miller sobre o mundo entre as duas Guerras Mundiais. Mais uma curta, "Shadow of the Colossus" serve como abertura para outra canção que usa mais elementos clássicos em sua estrutura. Mas "Lonely Wanderer" também carrega muito de psicodelia, principalmente no andamento do vocal.

Entre as 13 faixas, "Principe Real" é que mais se aproxima de algo pop e que pode atingir mais pessoas quando, por exemplo, tocar em alguma balada por aí, assim como "Selfish Gene". Usando artifícios conhecidos, "Acid Wash" encerra bem esse quinto álbum do Panda Bear. Para quem gosta de música alternativa de alto nível, Panda Bear Meets the Grim Reaper é um prato cheio. Bem construído em sua ideia, as canções funcionam muito bem completando uma as outras. Outro bom álbum nesse começo de novo ano.

Tracklist:

1 - "Sequential Circuits"
2 - "Mr Noah"
3 - "Davy Jones' Locker"
4 - "Crosswords"
5 - "Butcher Baker Candlestick Maker"
6 - "Boys Latin"
7 - "Come to Your Senses"
8 - "Tropic of Cancer"
9 - "Shadow of the Colossus"
10 - "Lonely Wanderer"
11 - "Principe Real"
12 - "Selfish Gene"
13 - "Acid Wash"

Nota: 3,5/5



Veja também: 
Resenha: The Decemberists - What a Terrible World, What a Beautiful World
Resenha: Roller Trio – Fracture
Resenha: Belle and Sebastian – Girls In Peacetime Want To Dance
Resenha: D’Angelo – The Black Messiah
Resenha: Russo Passapusso – Paraíso da Miragem
Resenha: Buzzcocks - The Way

Siga o blog no Twitter, Facebook, Instagram, no G+, no no Tumblr e no YouTube

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!