Resenha: Belle and Sebastian – Girls In Peacetime Want To Dance


Uma das bandas mais legais do mundo, o Belle and Sebastian estava há cinco anos sem lançar um trabalho de inéditas. Pode não parecer, talvez por conta da compilação The Third Eye Centre lançada em 2013, mas havia uma falta de coisas novas deles. Fundada em 1996, o grupo voltou às atividades para gravar Girls In Peacetime Want To Dance, o nono disco de estúdio, o primeiro distribuído mundialmente pela Matador Records.

Pela carência bons discos em janeiro – algo que vem mudando nos últimos anos –, esse álbum chega em boa hora. Primeiro por sua sonoridade tranquila e suave; segundo por ser um retorno. É isso mesmo, cinco anos, em uma época em que parecemos viver três dias em um, é muito tempo.

Se é possível julgar um disco pela primeira faixa, então o Belle and Sebastian começou muito bem com "Nobody's Empire". A melodia leve e a boa letra levam o ouvinte a um caminho diferente, enquanto os instrumentos trabalham muito bem ao complementar uns aos outros sem atropelos e agressividade. Um excelente início. Segunda faixa, "Allie" pega na mão de quem está ouvindo e coloca para dançar, funcionando como contraponto da primeira.

Com a base na eletrônica, "The Party Line" também é dançante, mas funciona com mais suavidade. Sabe o que mais surpreende em "The Power Of Three"? É como uma banda pula do eletrônico para uma canção pop, com belos arranjos e um refrão contagiante. Em outra inversão, a melancolia toma conta em "The Cat With The Cream". Não pense que aquela melancolia que te joga para baixo, é aquela que te faz refletir sobre seu trabalho, seus parentes, sua vida. Esse tipo de faixa derruba qualquer um.

A metade do disco chega com mais uma dançante. "Enter Sylvia Plath" é longa, com quase sete minutos, e é ainda mais agitada que as anteriores, já "The Everything Muse” soa como Gogol Bordello misturado com folk escocês e pop inglês. Pode parecer uma salada, porém não é. Apesar de ser uma canção pop em sua essência, a influência da música africana aparece no início de "Perfect Couples".

Usando uma mulher para contar uma história, a banda retorna ao pop simples em "Ever Had A Little Faith?", canção que tem cara de single e pode gerar um ótimo clipe. Mais longa de todas, "Play For Today" usa mais os vocais feminino e masculino da banda em um bonito revezamento, que dá força e leveza à letra. A melodia é convidativa para dançar, assim como o bom refrão – o tom épico ajuda a dar uma guinada no conteúdo. Para finalizar, a guitarra aparece forte e complementando o refrão em "The Book Of You" e "Today (This Army's For Peace)" uma balada recheada de clichês.

Que retorno espetacular do Belle and Sebastian. Melodias complexas e simples, letras românticas e densas, tudo isso em um mesmo trabalho. Os cinco anos de espera valeram a pena – cada segundo do álbum, diga-se. Não é uma obra-prima, mas é uma ótima maneira de começar bem 2015. Que siga assim.

Tracklist:

1 - "Nobody's Empire"
2 - "Allie"
3 - "The Party Line"
4 - "The Power Of Three"
5 - "The Cat With The Cream"
6 - "Enter Sylvia Plath"
7 - "The Everything Muse"
8 - "Perfect Couples"
9 - "Ever Had A Little Faith?"
10 - "Play For Today"
11 - "The Book Of You"
12 - "Today (This Army's For Peace)"

Nota: 4/5



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