Resenha: Thom Yorke – Tomorrow’s Modern Boxes


Estratégias diferentes marcaram o lançamento de dos discos recentes e, de uma forma ou outra, mostraram como não há mais um jeito certo de disponibilizar seu trabalho ao público. Usando a força de um evento da Apple, precisamente o lançamento do novo iPhone, o U2 colocou Songs of Innocence em todos os aparelhos com o sistema iOS.

Obviamente, isso gerou reclamações, mas não deixa de ser uma boa estratégia por atingir 500 milhões de pessoas pelo mundo. Se um quarto desse número ouviu o disco sem apagar antes, já será algo espetacular e atingirá muito mais pessoas do que o trabalho anterior, o regular No Line on The Horizon.

Quem surpreendeu mesmo foi Thom Yorke, vocalista do Radiohead, ao disponibilizar Tomorrow’s Modern Boxes, segundo álbum de estúdio dele, através do BitTorrent, plataforma que usa a chamada transferência peer-to-peer (de computador para computador, basicamente). Cobrando US$ 6, o cantor e o site conseguiram mais de quatro milhões de downloads – ou pouco mais de US$ 24 milhões.

Musicalmente, o trabalho reflete bem o que Yorke vem fazendo dentro e fora do Radiohead. A abertura "A Brain in a Bottle" é cheia de camadas e parece ter sido inspirada nos inúmeros remixes que ele toca quando ataca de DJ. A ótima "Guess Again!" trabalha mais com outros elementos e mais textura, mas não surpreende em nenhum momento. O início mostra claramente que não haverá nenhum tipo de inovação ou qualquer coisa do tipo.

A melancólica "Interference" é muito bonita, principalmente pela delicada melodia, enquanto "The Mother Lode" pega você muito mais pelo instrumental – aliás, a faixa é só isso durante os mais de seis minutos e chega a ser um pouco enjoativa. "Truth Ray" usa um efeito reverso, popularizado pelos Beatles ainda nos anos 1960, para ajudar no desenvolvimento da letra. E até que vai. Mais ou menos, mas vai.

Para quem curte música eletrônica que não sai do lugar, "There Is No Ice (For My Drink)" é um deleite. Mas para quem não gosta – eu, por exemplo – é pura perda de tempo. Por fim, "Pink Section" e "Nose Grows Some" parecem duas canções em uma só. E são outras que não mostram nada de novo ou qualquer coisa do tipo.

O resultado desse segundo disco solo de Thom Yorke é o retrato da carreira dele nos últimos anos. Cada vez mais ele descobre modos e maneiras de acrescentar alguma coisa em uma faixa, seja um efeito novo ou um eco diferente. Uma pena que o resultado tenha sido dos mais previsíveis. Só espero que isso não se repita em um possível novo disco do Radiohead.

Tracklist:

1 - "A Brain in a Bottle"
2 - "Guess Again!"
3 - "Interference"
4 - "The Mother Lode"
5 - "Truth Ray"
6 - "There Is No Ice (For My Drink)"
7 - "Pink Section"
8 - "Nose Grows Some"

Nota: 2,5/5



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